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Publicitários contra a Microsoft

Esquentou o tempo entre a Microsoft e o setor publicitário americano. E, pelo menos desta vez, parece que a empresa fundada por Bill Gates está do lado certo. Em seu site, a ANA (Association of National Advertisers), que reúne os maiores anunciantes do planeta, publicou nesta quarta-feira uma carta condenando a decisão da MS de equipar seu novo sistema operacional Windows 8 com o recurso DNT (Do Not Track). Essa função vem embutida no navegador Internet Explorer 10 e impede que o administrador de um site colete os dados do internauta, que é o que acontece hoje. Toda vez que entramos num site, nossos dados são automaticamente transcritos pelo servidor da empresa que o mantém; esta pode então usar esses dados comercialmente, inclusive vendendo-os a outras (este link dá mais detalhes).

Com essa ferramenta, a Microsoft busca – que se saiba, pela primeira vez em sua longa história – um diferencial competitivo em que se coloca ao lado do usuário. Os demais navegadores não oferecem a possibilidade de bloquear a coleta de dados (tecnicamente conhecida como hacking). Essa, por sinal, foi uma das maiores sacadas da Google, empresa que praticamente inventou a publicidade online ao coletar dados de terceiros sem autorização. Hoje, todo mundo segue a prática, muito difícil de ser fiscalizada. Quem comprar um computador com IE 10 encontrará o bloqueio já ativado, como default, e para desativá-lo terá que entrar nas configurações.

É exatamente contra isso que se voltam os publicitários dos EUA, já que grande parte de seu negócio hoje se baseia na coleta de dados online. Seus argumentos chegam a ser patéticos. Comparam, por exemplo, a publicidade online com a da televisão, alegando que os sites irão morrer se perderem a possibilidade de identificar e analisar os perfis de seus visitantes, da mesma forma que as emissoras de TV morreriam se a publicidade lhes fosse negada. E pedem que a escolha seja deixada para o usuário, deixando a ferramenta desativada. Por enquanto, a resposta da MS tem sido simplesmente “não”. Vamos ver até quando…

É, sem dúvida, um tema polêmico, que deve repercutir também no Brasil. Será que as mentes criativas da publicidade não conseguem imaginar numa forma alternativa de atrair o consumidor do que simplesmente invadir sua privacidade?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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