Globo já mira o pós-HD

Conversei hoje com Raymundo Barros, diretor de Engenharia da Rede Globo, como sempre a emissora brasileira mais antenada com as novas tecnologias. Da mesma maneira que começou a estudar o tema “Alta Definição” muito antes das outras (em 1994), a Globo já faz experiências com imagens UHD (Ultra Alta Definição), também chamadas 4K, desde o ano passado. Se o padrão HD levou, portanto, treze anos para chegar às casas dos telespectadores, dificilmente seu sucessor irá demorar tanto. Não é possível hoje falar em prazos, mas tenho a impressão de que a era das transmissões em 4K será inaugurada ainda nesta década.

Até lá, essa tecnologia – que permite gerar imagens com quatro vezes mais definição do que as atuais Full-HD – será muito útil para uma emissora como a Globo, que investe muito em produções próprias, especialmente dramaturgia. Raymundo me contou, por exemplo, que parte dos cenários da série Tapas & Beijos (foto) já é produzida em UHD, usando câmeras Sony. “Essa tecnologia caiu como uma luva para a produção de efeitos e cenários”, diz ele. Embora a imagem levada ao ar seja Full-HD convencional (1080i), pois hoje é impossível transmitir em 4K, a ultra alta definição permite elaborar as imagens de fundo com muito maior refinamento.

A experiência está sendo repetida agora com o remake da novela Guerra dos Sexos e, segundo Raymundo, será cada vez mais frequente daqui por diante. Como aconteceu no lançamento do Full-HD, a partir de 2006, e mais recentemente com o 3D, a ideia é aproveitar também grandes eventos, como o Carnaval, para exercitar as equipes de produção com a nova tecnologia. Muitas das atuais produções da Globo Filmes estão sendo rodadas em UHD para exibição nos cinemas e, mais tarde, devem chegar à televisão na forma de minisséries. Ou seja, cada vez mais veremos imagens desse tipo. “Na verdade, 4K é apenas o primeiro dos formatos UHD”, explica Raymundo. “Já sabemos que no Japão eles falam em 8K como futuro padrão da TV digital.”