Que a Classe C é quem está segurando a economia do país desde a crise de 2008, parece não haver mais dúvidas. Para dizer a verdade, nem sei exatamente o que vem a ser esse extrato social que – na falta de expressão melhor – passou a ser chamado de “Classe C”. Se você, leitor, também não sabe, tente decifrar o enigma a partir dos textos contidos neste site. É muito útil, embora eu deva confessar que terminei a leitura mais confuso do que comecei…
Digamos que a Classe C seja formada por famílias que, até cerca de dez anos atrás, mal conseguiram pagar suas contas e agora conseguem. Pessoas que não arranjavam emprego devido à crise do final do século passado e início deste, e também por falta de qualificação profissional. E que, aos poucos, foram se recolocando no mercado de trabalho, puxado pela expansão do setor de serviços (comércio, restaurantes, call-centers etc.), que vem compensando, com sobras, a queda dos empregos na indústria. Some-se ainda muitos que arriscaram montar negócio próprio, ainda que modesto, para atender pequenas comunidades. Sem falar, é claro, na enorme quantidade de trabalhadores e/ou empreendedores informais, que no Brasil, como em outros países (a Itália talvez seja o melhor exemplo) fazem girar a roda do consumo.
Pois bem, um estudo divulgado dias atrás pela Ipsos Marplan, empresa de estudos de mercado, mostra o fenômeno da ascensão da Classe C, mas em números. Muitos dos dados apurados têm a ver com o consumo de eletrônicos, e é por isso que o caro leitor, especialmente aquele que tenta entender esse mercado, deve analisar esses números com carinho. Um deles refere-se à TV paga, que já comentamos aqui; só para completar, diz o estudo, 73% das famílias de Classe A já têm TV por assinatura há mais de três anos, enquanto na Classe C 74% conseguiram esse item de lazer e informação nos últimos três anos (os dados são do primeiro semestre de 2012).
Agora, o acesso à internet. Para navegar, 61% dos usuários de Classe A utilizam um computador desktop, enquanto 51% têm notebook, 26% usam smartphone e 9% já possuem seu tablet. Já para a Classe C o tablet nem existe ainda (pelo menos na pesquisa): o acesso via desktop se limita a 19% das pessoas, com 6% adotando notebooks e apenas 2% já usuários de um smartphone. Aliás, quem na Classe C possui celular com acesso à internet usa-o principalmente para enviar ou receber mensagens de texto (56%), ouvir rádio (51%), tirar fotos (50%) ou ouvir música em MP3 (50%); para acessar a web mesmo, apenas 28%.
E assim vamos conhecendo um pouco melhor essa entidade que, pelo visto, todo mundo está querendo conquistar: a Classe C.
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Que bom que todos focam na classe C, assim poucas empresas especializadas ficam sem concorrentes para atender a Classe A. Enquanto a Classe C está entupida de ofertas de produtos de baixa qualidade, pouca durabilidade, baratos e para pagar em N vezes, a Classe A paga á vista e não abre mão da qualidade. Já a Classe B segue trazendo etiquetas caras (com um aparelho grudado a ela) de Miami!