Nesta semana, foi confirmada a negociação entre a coreana Samsung e a japonesa Sharp. Esta emitiu ações no valor equivalente a US$ 112 milhões, ou 3,08% do capital de sua divisão de displays (a maior do grupo), que foram compradas pela Samsung. O negócio faz sentido, embora tenha surpreendido muitos analistas de mercado. Significa quase uma rendição dos japoneses aos coreanos, responsáveis em grande parte pela crise que assola o Japão há alguns anos, especialmente no setor eletrônico.
Faz sentido porque resolve alguns problemas dos dois grupos. Para a Samsung, é um bom negócio por vários motivos. Além de significar um pé (ainda pequeno) dentro da indústria japonesa, permitirá continuar produzindo TVs LED-LCD com componentes fornecidos por terceiros, concentrando suas instalações na produção de painéis OLED. Como se sabe, a Samsung está atrasada nesse campo, pois sua rival LG já está lançando um TV OLED (vejam este vídeo). Para tirar o atraso, precisa investir rápido. A ideia é adaptar suas fábricas atuais para a nova tecnologia, que é muito mais delicada, e terceirizar a produção de painéis LED. A Sharp é hoje a segunda maior fabricante desse componente, fornecendo inclusive para a Apple (dizem que é de lá que vai sair o tão aguardado iTV). Com o acordo, a Samsung terá prioridade no fornecimento de painéis da Sharp.
Para a Sharp, que vive a maior crise financeira de sua história, o aporte da Samsung significa uma ajuda fundamental. Embora pequeno diante do prejuízo de US$ 5 bilhões, acumulado no ano fiscal que termina este mês, o investimento da Samsung sinaliza para o mercado uma possível recuperação do grupo japonês. No final do ano passado, fracassaram as negociações da Sharp com a chinesa Hon Hai (dona da Foxconn), que investiria cerca de US$ 7 bilhões na empresa. Em dezembro, a Sharp anunciou acordo com a americana Qualcomm, que investirá US$ 120 milhões no grupo. Segundo o jornal Yomiuri Shinbum, além de amenizar as dívidas, o investimento da Samsung irá ajudar a Sharp a alavancar a nova tecnologia Igzo (foto), tida como provável concorrente do OLED.
Na quarta-feira, quando o negócio foi anunciado, as ações da Sharp na Bolsa de Tóquio subiram 19%. Mas a situação ainda é dramática: uma parte da dívida (inacreditáveis US$ 3,75 bilhões) vence em 30 de junho, e outros US$ 2,08 bilhões terão de ser pagos até setembro. Há ainda dívidas previdenciárias não calculadas; o jornal diz que o grupo precisa de mais de US$ 1 bilhão para não cair numa situação de capital inadequacy, que seria algo como pré-insolvência.
Como desgraça pouca é bobagem, e não faltam gaviões nessas horas, já circula nos bastidores da indústria que o acordo com a Samsung pode significar um conflito da Sharp com a Apple, seu “maior cliente” atualmente. Como se sabe, Apple e Samsung são os dois gigantes da tecnologia, concorrentes diretos nas áreas de tablets e smartphones, e vivem brigando na Justiça. A empresa de Cupertino não deve gostar de saber que agora a Samsung é 3% dona de seu principal parceiro, o que pode ser apenas um primeiro passo para se tornar dona, de fato, no futuro.
Vá produzir displays com um barulho desses!
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