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Brasileiros ganham mais autonomia

Dizem que o executivo brasileiro é, na média, o mais bem pago do mundo. Nenhuma surpresa, se considerarmos que os políticos tupiniquins também são os que recebem mais – pesquisa recente divulgada pela revista Veja mostra esta barbaridade: nossos digníssimos parlamentares nos custam, por dia, a pechincha de R$ 23 milhões! Mas isso é tema para outro artigo.

Em relação aos executivos, quem administra uma empresa no Brasil sabe bem que seus problemas são bem maiores do que, digamos, na Alemanha ou mesmo aqui ao lado, no Chile. E o fato de já termos vivido uma infinidade de crises econômicas dá a esses profissionais um respeitável know-how, admirado no mundo inteiro. Muito justo que ganhem bem! Esse raciocínio me ocorreu ao tomar conhecimento, por fontes diversas, que as subsidiárias brasileiras das multinacionais do setor eletrônico estão ganhando mais autonomia em suas decisões. O fato de que os produtos são lançados aqui quase que simultaneamente aos mercados europeus e americano é apenas um detalhe; mais importante, me parece, é a confiança que as matrizes estão depositando em suas filiais brasileiras.

No geral, todo mundo diz que o Brasil passou a ser visto de outra forma depois que conseguiu domar a inflação e, na sequência, aumentar o poder de compra de seus consumidores. É bom não esquecer que temos a quinta maior população do planeta, atrás apenas de China, Índia, Rússia e EUA. Somando a isso a queda de consumo nos outros grandes mercados (Japão, Europa Ocidental e, claro, América do Norte), estamos na primeira fila quando uma empresa multinacional pensa em vender alguma coisa. Após a recessão iniciada em 2008, o faturamento de vários grandes grupos no Brasil passou a ser mais valorizado. Para Sony e LG, por exemplo, as receitas no país só não são maiores que em seus países de origem (respectivamente, Japão e Coreia). Presumo que o mesmo vale para Samsung, Panasonic etc.

Na prática, essa maior importância se reverte, por exemplo, em mais liberdade para os executivos brasileiros negociarem com as redes de varejo, o que é essencial nesse mercado. Ou para desenvolverem recursos, como se diz, tropicalizados. É o caso da novidade adotada na linha 2013 de TVs Samsung: o Modo Futebol, pelo qual o usuário poderá ajustar som e imagem para tornar mais agradável a experiência de ver um jogo. Como já aconteceu, anos atrás, quando a LG lançou os TVs com gravador interno (Time Machine) primeiro no Brasil e só depois em outros países.

Ou seja, o Brasil está bem na foto. Ou, pelo menos, essas empresas e seus executivos estão.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • E a LG consegue ter uma receita tão alta somente na Coréia, contando com menos de 50mil habitantes? Interessante é que só a China e a Índia possuem quase 40% da população mundial, comparados aos 3% do Brasil, e mesmo assim o Brasil tem tido todo este destaque. Com o mercado da China é mais difícil comparar porque ela mesma já produz o que consome.
    Em geral os produtos chegam ao consumidor brasileiro com preços acima dos encontrados em outros países, e estes dados servem só para o que é comercializado no país, não o que vem "via turistas", não é (será que este comércio tem algum efeito substancial sobre o cosumo interno?)?
    Ah, ao que consta, a população da Indonésia já passou a do Brasil e da Rússia despencou para a nona colocação (http://en.wikipedia.org/wiki/World_population), embora em termos de consumo o brasileiro esteja mais para o Russo (ou até os americanos e europeus) do que para o indonésio.

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