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Ventos de mudança: quem viver verá


“Os que sobrevivem não são os mais fortes, nem os mais inteligentes, e sim aqueles que melhor se adaptam às mudanças.”

A frase do sábio Charles Darwin cabe perfeitamente nas análises feitas hoje a propósito da tecnologia. Não é novidade que as pessoas estão mudando seus hábitos em função dos novos dispositivos disponíveis. Outro dia, quando se comemoraram 40 anos da invenção do telefone celular, uma amiga postou no Facebook que essa foi “a maior invenção do século 20”. Não sei se é exagero, mas o fato é que muitos hoje dependem do celular, quase tanto quanto da água que bebem.

Por sinal, Martin Cooper, engenheiro da Motorola que ficou com a fama, deu uma alegre entrevista ao site da revista Information Week lembrando o dia em que fez sua primeira ligação via celular – ligou exatamente para um concorrente, que não acreditava que aquilo seria possível (a história dessa invenção é contada em detalhes em meu livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo Através da Tecnologia“).


Os celulares mais avançados – chamados smartphones – são hoje, ao lado dos tablets, os principais responsáveis pela mudança de hábitos que os especialistas estão definindo como “segunda tela“. As estatísticas não deixam dúvidas: sete em cada dez telespectadores têm nas mãos um segundo aparelho enquanto assistem televisão. Quase metade deles não acha esse hábito saudável e sente saudades de quando podia fazer uma coisa de cada vez, mas alegam que se sentem “pressionados” a isso. Os dados estão numa pesquisa encomendada pela Microsoft no final do ano passado, em que foram entrevistadas 3.500 pessoas em cinco países: EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália e Brasil.

Não por acaso, o Ibope anunciou recentemente que começará a medir a interação entre audiência de TV e redes sociais. Também não é coincidência que a Globo, maior emissora do país, esteja buscando meios de distribuir seus programas não apenas nas transmissões convencionais. “A questão é como acompanhar o telespectador”, diz Carlos Schroder, diretor da Globo. “Com as várias mídias na mão do consumidor, não podemos mais estar só em casa. Precisamos mostrar nossa programação onde ele estiver, até mesmo em frotas de ônibus e no metrô.”

O assunto será um dos destaques no Congresso da NEOTV, que acontece em São Paulo entre 22 e 25 deste mês, reunindo cerca de 5 mil profissionais do mercado de TV por assinatura. Foi também tema do evento TV 2.0, promovido pela Converge (a mesma que publica o site Tela Viva) na semana passada. Um dos palestrantes, Renato Pasquini, da consultoria Frost & Sullivan, citou pesquisas da empresa indicando que os chamados serviços não-lineares (aqueles que fogem da grade convencional dos canais), que hoje representam 17% do faturamento das operadoras brasileiras, vão saltar para 35% até 2017. E os serviços de IPTV (acesso a conteúdos de televisão pela internet), subirão de 1% hoje para 4% (neste caso, uma estimativa para toda a América Latina).

“A sala de estar agora está em todo lugar”, definiu, no mesmo evento, o vice-presidente da Sony Television, Jose Rivera-Font, para quem o usuário já não quer saber como os conteúdos lhe chegam. “Se quer ver ‘Homens de Preto’, ele vai ver no serviço que estiver disponível naquele momento, seja na TV, no tablet, onde quiser. No futuro, as pessoas não saberão diferenciar online de offline.”

Com tanta mudança, quem irá sobreviver?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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