Categories: Uncategorized

Reviravolta na Semp Toshiba

Nesta terça-feira, os funcionários da Semp Toshiba receberam o comunicado oficial de algo que já se comentava nos corredores: o fundador do grupo, Affonso Brandão Hennel, de 83 anos, que havia se afastado do dia-a-dia dos negócios em 1999, demitiu o próprio filho, Affonso Antonio, e reassumiu o comando. Um dos pioneiros da indústria eletrônica brasileira, Affonso Brandão chamou agora os dois outros filhos, mais dois ex-funcionários que Antonio havia tirado da empresa, e vai formar um “conselho de gestão”, segundo diz o site da revista Exame, que havia publicado algo a respeito em outubro do ano passado.

Embora a decisão em si seja surpreendente (não é a toda hora que um pai age dessa maneira), é fato que a situação da Semp Toshiba já não andava boa desde a crise de 2008. Primeiro, foi o rompimento com a Toshiba Corporation, uma relação de 30 anos, com a qual havia um acordo para fornecimento de tecnologia; isso levou a Semp a ter que buscar fornecedores na China e Taiwan para continuar produzindo; do antigo acordo, só restou mesmo a autorização para uso da marca “Toshiba”. Sem tecnologia própria para concorrer com Sony, Panasonic, Samsung e LG, a empresa perdeu mercado no Brasil, onde até 2009 era líder na venda de TVs, muito em função de suas telas pequenas. O avanço da tecnologia em direção às telas grandes foi desastroso para o grupo.

 

Os desentendimentos entre pai e filho já vinham de algum tempo, mas o fundador (na foto em 2007, ao lado do presidente da Toshiba Corporation, Norio Sasaki, na festa dos 30 anos da parceria entre os dois grupos) relutava em tomar uma atitude tão drástica – até em função da idade. A queda no faturamento, a perda de participação no mercado e uma série de erros de gestão teriam precipitado a mudança de rumos. Até cerca de três ou quatro anos atrás, a Semp Toshiba era uma das poucas empresas nacionais do setor capitalizadas para continuar enfrentando as multinacionais. Assistiu a similares como Gradiente e CCE saírem de cena ou serem vendidas, e manteve-se aparentemente firme. Não sei se ainda está.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Netflix lidera, mas cai mais um pouco

                  Em outubro de 2021, publicávamos -…

6 dias ago

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

3 semanas ago

TV 3D, pelo menos em games

                          Tida como…

3 semanas ago

TV na CES. Para ver e comprar na hora

Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…

3 semanas ago

Meta joga tudo no ventilador

    Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta,…

4 semanas ago

2025 começa com tudo…

Desejando a todos um excelente Ano Novo, começamos 2025 em plena CES, com novidades de…

4 semanas ago