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Agora quem manda é C.D.N.

Não, não é um novo partido político, muito menos uma recém-criada estatal. CDN é a sigla para Content Delivery Network, em português “rede para entrega de conteúdo”. É o nome genérico para toda infraestrutura de rede onde trafegam conteúdos de áudio, vídeo e dados, simultaneamente, com gerenciamento digital e distribuição a multiusuários. Simplificando: toda operadora de banda larga e TV paga, assim como toda loja virtual que opere com conteúdos multimídia, possui uma CDN.

No Brasil, grandes operadoras – Net, Claro, Vivo/Telefônica etc. – têm que fazer enormes investimentos em suas CDNs. Quanto maior sua eficiência, menor o risco de falhas no sinal que o assinante recebe em casa. Mas essas redes nem de longe se comparam com as que sustentam os principais provedores multimídia globais: Google, Apple, Amazon, Microsoft e por aí vai. Na semana passada, em Las Vegas, aconteceu o evento CDN World, uma série de debates e conferências voltada a especialistas na matéria, quase todos americanos. E um dos assuntos mais discutidos foi justamente o futuro dessas redes.

Um dado interessante: em Hong Kong, pequena ilha onde residem cerca de 7 milhões de pessoas, cada residência possui, em média, três aparelhos conectados à internet (tipicamente: um TV, um computador e um smartphone). As previsões dos experts presentes ao evento em Las Vegas indicam que países como EUA, Canadá, Coréia do Sul, Japão e Finlândia terão essa mesma média até 2014. Vejam: média por domicílio; alguns não têm nenhum aparelho conectado, enquanto outros podem ter cinco, seis ou até mais.

A consequência dessa superpopulação de usuários da web é que, mantendo-se as redes como são hoje, o sistema irá “afogar”. As redes de banda larga atuais nos EUA, por exemplo, mal conseguem suportar duas pessoas acessando vídeo HD ao mesmo tempo. E vídeo, como dissemos aqui na semana passada, é o tipo de conteúdo preferido da maioria. O que acontecerá quando várias famílias tiverem quatro ou cinco membros buscando ou transmitindo vídeos simultaneamente?

Você acertou: antes que tudo trave de vez, os grandes provedores e operadoras terão aperfeiçoado mais ainda suas CDNs. Mas isso não é tudo. Ninguém consegue prever com previsão a que velocidade irá crescer o número de usuários. É preciso ter um plano B. E este já existe, aliás, foi apresentado no CND World. Chama-se home gateway e, pra dizer a verdade, nem chega a ser algo novo (é uma ideia dos anos 1990). Nova é a sua concepção para esse mundo recheado de vídeos. Trata-se de uma caixinha semelhante aos receptores de TV paga, só que combinando também as funções de gravador digital, modem de banda larga, processador multimídia e roteador. Todo o tráfego de conteúdos da residência passa por esse aparelho, não importa se são arquivos de vídeo, áudio ou dados, muito menos em que formato estão gravados: ali dentro há decodificadores para todo tipo de sinal.

O conceito é que, instalando um home gateway em casa, o usuário não fica mais dependente de sua conexão de banda larga. Boa parte dos conteúdos ficará armazenada na memória do aparelho, que consegue identificar o perfil de cada integrante da família. Exemplo: se você gosta de assistir a determinada série, sua esposa gosta de outra e seu filho de uma terceira, essas preferências são processadas pelo gateway, que irá então salvar em sua memória os próximos episódios. Quando pai, mãe e filho forem assistir, ainda que seja no mesmo horário, tudo estará devidamente armazenado, e uma quarta pessoa até poderá, enquanto isso, acessar a internet ou ver outro programa de TV.

Entenderam agora por que comecei falando das CDNs? Só mesmo quem tiver uma rede robusta e confiável conseguirá alimentar esses famintos e incansáveis gateways.

Infelizmente, há bem pouca informação em português sobre assunto. Quem estiver interessado pode dar uma olhada nos links abaixo (todos em inglês):

CDN (Wikipedia)

O que é um home gateway

Consórcio Home Gateway Initiative

Open Home Gateway Forum

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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