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Netflix quer acabar com os “TVs burros”

Cerca de um ano atrás, publicamos aqui um comentário sobre a resistência de muitos usuários diante dos smart TVs (“TVs inteligentes”). Foi a propósito do que um jornalista americano chamou de dumb TV (“TV burro”), ou seja, um aparelho com poucos recursos, apenas uma excelente imagem. Alguns leitores defenderam a ideia de que os fabricantes deveriam se preocupar menos com aplicativos e design, e mais com a qualidade de áudio e vídeo. Dissemos então que isso era utopia: na prática, as pessoas buscam produtos pela aparência e pela quantidade de recursos, mesmo que não precisem.

Bem, volto ao tema devido a uma reportagem do site americano GigaOm, especializado em tecnologia, cujo título já diz muito: “Por que a maioria dos smart TVs ainda são burros”. Sim, “TVs inteligentes” podem não ser tudo isso, e quem afirma é a Netflix, simplesmente a empresa mais poderosa da atualidade no mercado mundial de entretenimento. “Duvido que haja alguém que goste de usar um smart TV”, diz Scott Mirer, diretor de parcerias da gigante da internet.

Na sua opinião, as pessoas hoje compram esses TVs porque não há opção – quase todos os TVs são smart. Leia-se: carregados de aplicativos sem maior utilidade, com menus complicados e navegação mais ainda, deficiências no processamento de tanta informação. E o mais grave, segundo Mirer: “São aparelhos desenhados para a TV linear. Mudaram as tecnologias, os apps, surgiram YouTube, Netflix e outros serviços que as pessoas querem acessar, mas os televisores continuam a funcionar exatamente da mesma e antiga maneira.”

O exemplo mais contundente citado por ele – e também o mais fácil para se entender o conceito – está nos tablets e smartphones: você desliga no meio de um vídeo, por exemplo, e quando religa lá está o aplicativo no mesmo ponto onde parou. Se fizer o mesmo no seu TV, terá de encontrar de novo aquele filme e localizar onde havia parado. “É incrível que nenhum fabricante ainda tenha lançado um TV com modo SLEEP”, diz Mirer. “Além de facilitar a vida do usuário, isso permitiria o acesso a outros serviços, que poderiam ser fornecidos por provedores.”

Mirer cita ainda o controle remoto, com sua enxurrada de botões, como exemplo de que os fabricantes de TVs não estão conseguindo acompanhar a evolução. Sua explicação é de que nessas empresas os ciclos de desenvolvimento dos produtos são muito longos, ao contrário da indústria de software, onde os aperfeiçoamentos ocorrem “on the fly”, ou seja, durante o próprio uso dos aparelhos. Por isso é que a Netflix decidiu ser mais agressiva: está procurando cada um dos grandes fabricantes para convencê-los a simplificar as interfaces dos TVs. E mais: criar apps realmente atraentes. “Precisamos de outros cinco ou seis como Netflix”, diz Mirer. “Aí, sim, o consumidor irá procurar aquele TV que ofereça esses apps.”

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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