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No mundo pós on-line

Não, não se assustem. Não vou aqui dar uma de futurólogo e tentar adivinhar o que acontecerá no mundo quando a internet acabar. O título acima me ocorreu hoje após conversar com uma especialista em novas mídias. Na teoria, seu trabalho é analisar projetos de mídia on-line, ou seja, meios de comunicação que utilizam a internet. “Off-line”, no jargão do marketing atual, seria todo o resto: rádio, TV, impressos, cinema, outdoors etc. Acontece que a linha de separação começa a se tornar invisível. On-line e off-line estão se misturando a ponto de confundir até alguns ditos experts. Ambas as formas de comunicação têm suas virtudes e seus defeitos. Os melhores comunicadores são (ou serão) aqueles que conseguem (conseguirão?) amplificar as virtudes e minimizar os defeitos.

A propósito dessa discussão, vejam a pesquisa divulgada hoje pela Google Brasil: 30 milhões de brasileiros já são usuários multitelas (TV, tablet e smartphone), às vezes até ao mesmo tempo. Me parece um número exagerado (explico abaixo), mas considerando que seja verdadeiro teríamos uma multidão que pode ser definida como “prototelespectadores”, ou algo assim. São pessoas que não querem – ou não conseguem – se prender só ao TV, nem desgrudar do celular. Diz a pesquisa: 68% assistem à TV e usam smartphone simultaneamente; e 52% acessam a internet (via computador) enquanto estão vendo algum programa.

Vale dizer: não fazem bem uma coisa nem outra! Ou fazem? Se, digamos, estão assistindo a um filme, por exemplo, como conseguirão acompanhar – quanto mais entender – a trama enquanto trocam mensagens ao telefone? Se estão ao telefone conversando com um amigo que lhes relata um problema pessoal, como ajudá-lo ou confortá-lo se, na mesma hora, a televisão mostra a novela, o telejornal ou um jogo de futebol?

Olhando por esse ângulo, até dá para entender o dilema de professores que não conseguem se fazer entender por seus alunos. Ou de empresas que lutam contra a baixa produtividade de seus funcionários, pois estes só conseguem captar a parte superficial das informações. Estão todos no mundo da lua. Ou no mundo pós on-line.

Esclarecendo a questão dos números. O Brasil tem 200 milhões de habitantes (quase isso) e, segundo o Ibope, 92% deles continuam preferindo assistir à TV convencional e apenas 6% já estão on-line. É necessária uma bela ginástica para transformar 12 milhões em 30, como divulga a Google Brasil.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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