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Quem, quando, onde, como e por quê?

Acaba de ser divulgado o mais abrangente estudo mundial que vi até hoje sobre a mudança de comportamento dos usuários de produtos eletrônicos e consumidores de mídia. O Índice de Entretenimento do Consumidor é um trabalho inédito da empresa americana Arris, especializada em soluções multimídia, e envolveu entrevistas com 10.500 pessoas em 19 países, realizadas este ano; no Brasil, foram 500 entrevistados. Considerando a quantidade de chutes que se vê por aí entre supostos especialistas em mídia, é valioso poder analisar dados concretos, extraídos de entrevistas – vale repetir que nunca fui muito fã de pesquisas de mercado, mas essa é outra história.

O estudo é gigantesco e quase impossível de resumir. Vamos tentar explorar seus aspectos mais interessantes em futuros comentários aqui. A proposta era  analisar como as novas tecnologias de comunicação e as crescentes ofertas de mídia (entretenimento e informação) estão levando as pessoas a mudarem seu comportamento. E, a partir daí, identificar novas tendências de consumo e futuras oportunidades para as empresas do setor. Como se vê, não é pouca coisa, ainda mais quando se tenta cobrir países tão distintos quanto Brasil, China, Índia, EUA, México e os mais importantes da Europa.

O relatório inclui dados genéricos como estes:

*80% dos entrevistados se confessam “consumidores compulsivos” de entretenimento via mídia eletrônica (TV ou internet);

*60% gravam os programas para assistir depois, evitando assim os anúncios;

*No entanto, 68% dos conteúdos gravados acabam não sendo assistidos.

*E 65% disseram desejar um serviço que lhes permita assistir a qualquer conteúdo em qualquer aparelho, onde quer que estejam.

Bem, esses são os resultados gerais. Separei do relatório também alguns dados que revelam os hábitos dos brasileiros. Antes, porém, é bom lembrar que foram selecionados para a pesquisa somente usuários com acesso a banda larga e TV paga. A divisão por sexo foi igual (metade homens, metade mulheres) e deu-se ênfase à faixa etária entre 25 e 55 anos. Sobre o Brasil:

*44% têm o hábito de fazer streaming diariamente; 31% o fazem pelo menos três vezes por semana;

*39% costumam assistir a vários episódios de uma série em sequência, no mesmo dia (hábito que os americanos batizaram binge-viewing); 17% fazem isso todo santo dia!

*Os brasileiros não estão entre aqueles que mais gostam de “pular” os intervalos comerciais: somente 35% dos entrevistados o fazem; o percentual é bem mais alto em países como Suécia (66%), Rússia (64%) e Chile (58%);

*O excesso de conteúdo é um problema para 54% dos brasileiros, que se dizem frustrados por não conseguirem assistir aos programas que gravam; mas as queixas são maiores na China (71%) e na Coreia do Sul (70%), por exemplo;

*41% aceitariam pagar a mais se suas operadoras oferecessem armazenamento de conteúdo em nuvem;

Bem, temos aí, que eu saiba, o primeiro retrato do consumidor brasileiro multimídia. OK, a amostra é minúscula (apenas 500 pessoas), mas já é um começo. Que venham outras pesquisas.

 

 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Sou dos pulam os comerciais pois,em canais fechados,principalmente,os intervalos apresentam sempre os mesmos comerciais e,para conseguir assisti-los(parece uma tortura)sem se incomodar,só se a pessoa for retardada além de que em cada 1 hora de programação tem entr 15 e 20 minutos de comerciais repetidos ad nausean.
    Pior que sou assinante desde que a NET,aqui em Sorocaba,se chamava Multicanal e nem se cogitava em passar comerciais nos canais pagos,pois você estava pagando...

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Orlando Barrozo

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