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Tecnologia na Copa foi (quase) um golaço

Para o pessoal do sofá, a Copa 2014 foi (está sendo) uma agradável surpresa. Além de ótimos jogos, belos gols e muita emoção, a intensa cobertura da televisão não está deixando passar nada. Nem mesmo as gafes (como esta do canal Band Sports) e os momentos cômicos (como a semiqueda do técnico argentino); sem falar, claro, dos choros e da violência, como a que vitimou nosso Neymar. Tudo exibido nos mínimos detalhes, com imagens cristalinas, mais ainda para quem teve o privilégio de ver os jogos transmitidos em Ultra-HD.

A meu ver, esta Copa estabelece um novo padrão de qualidade, tanto dentro quanto fora do campo. Diz o jornalista holandês Simon Kupers, que escreve para o Financial Times, da Inglaterra, que o bom nível das partidas tem a ver com o fato de que, nos últimos anos, o futebol se transformou na maior atração da televisão mundial. A transmissão ao vivo dos principais campeonatos europeus – onde estão os melhores times – cresceu em audiência, elevando o padrão de referência das torcidas. E os jogadores estão respondendo em campo. Entre ver na TV um jogo do campeonato brasileiro e um, digamos, da Premier League inglesa, muitos fãs do esporte optam pela segunda alternativa; naturalmente, isso não vale para os torcedores fanáticos, mas essa é outra discussão.

Kupers, aliás, escreveu na semana passada uma bela crônica sobre a Copa, após passar por várias cidades brasileiras, e empolgou-se a ponto de afirmar que “o Brasil já ganhou a Copa” – referência, é claro, não ao futebol da seleção, mas ao clima que se criou no país para receber os estrangeiros. Seu texto, cuja tradução pode ser lida aqui, é uma boa reflexão sobre a função social do futebol, especialmente no Brasil. Vale a pena ler.

Voltando à tecnologia, a Copa no Brasil só não merece nota 10 porque, nos estádios e nos centros de imprensa, pelos relatos disponíveis, a coisa foi feia. Conexões sofríveis (mais do que o habitual), quedas de sinal e até brigas foram constantes. Nenhuma surpresa. Se quase nada foi feito para melhorar a infraestrutura de telecomunicações, até pelos desentendimentos entre órgãos e empresas responsáveis, ninguém poderia esperar algo diferente.

Não importa quem seja o campeão, pode-se concluir que a Copa vai deixar saudades. As prometidas obras de mobilidade foram abandonadas a meio caminho e as redes de comunicação não suportaram a demanda, ou seja, pouca coisa vai sobrar para os brasileiros a partir de segunda-feira. Mas foi uma festa, mesmo assim. As imagens alegres e coloridas registradas em alta definição, que certamente ainda iremos rever dezenas de vezes, é que acabam sendo, enfim, o grande legado da Copa.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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