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Nobel para o pai do LED azul

 

 

A maioria dos leitores deve ter acompanhado as notícias sobre o Prêmio Nobel de Física deste ano, concedido as três cientistas japoneses. Como não tive chance de comentar aqui, faço-o agora para contar a história – que muitos talvez não conheçam – de Shuji Nakamura (foto), um dos premiados. Ele e seus colegas Isamu Akasaki e Hiroshi Amano foram os responsáveis pela descoberta do chamado “led azul”, feito que permitiu a construção das assim chamadas “lâmpadas de led” e, por extensão, dos displays com backlight de leds, tão populares hoje em dia.

Como é comum no Nobel, Nakamura – hoje pesquisador da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara – não trabalhou junto com seus colegas. Era funcionário de uma indústria química chamada Nichia, enquanto os outros dois atuavam na Universidade de Nagoya. Na época, início dos anos 1990, já existiam os diodos emissores de luz (LEDs, na sigla em inglês) baseados nas duas cores primárias – vermelho e verde. As aplicações, por isso, eram limitadas. A união dos esforços dos três japoneses permitiu desenvolver a técnica para produzir leds azuis, cuja combinação com vermelhos e verdes gerava luz branca (daí a expressão RGB: red, green, blue).

A Academia Sueca reconheceu a importância do trabalho, considerando que os leds são muito mais eficientes que as lâmpadas fluorescentes, além de terem vida útil mais longa e agredirem menos o meio ambiente. Mas a entidade não mencionou uma curiosidade: Nakamura recebeu apenas 180 dólares por sua façanha! A Nichia patenteou a novidade (o que é normal nesses casos), mas recusou-se a lhe dar a merecida compensação financeira.

Ao deixar a empresa, Nakamura foi aos tribunais pedindo uma indenização. Os juízes apuraram que a Nichia havia faturado mais de US$ 1,1 bilhão vendendo leds azuis e, em 2004, determinaram que pagasse ao cientista o valor de US$ 180 milhões.

Fez-se assim justiça. E agora o Nobel serve como reconhecimento final.

 

 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Orlando, por favor, poderia nos informar se foi por causa da invenção do tal LED Blue que foi possível a invenção do PickUp Laser Azul (ou azul violeta) que permitiu a leitura das micro cavidades do blu-ray Disc (que formam os bits)? Ou são dois assuntos completamente diferentes?

    • Não, Walter, são coisas diferentes. Numa explicação resumida, laser é um tipo de radiação eletromagnética extremamente concentrada e direcionada; leds são dispositivos sólidos construídos a partir de materiais químicos que têm capacidade de emitir luz própria em várias direções. Espero ter ajudado. Abs. Orlando

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