Ver televisão é, quase sempre, um hábito gregário, coletivo, enquanto o uso do computador é individual, solitário. A não ser em casos muito específicos, o PC tem tela pequena e exige concentração do usuário, enquanto o TV amplia o envolvimento conforme se aumenta o tamanho da tela. O ato de ver TV é mais passivo, usamos o controle apenas para as funções básicas (volume, troca de canal, um ou outro ajuste); já no computador, interagimos o tempo todo com a tela e seus ícones, seja através do mouse ou via touchscreen.
Os TVs chamados smart são o melhor exemplo de aproximação entre TV e PC. Alguns modelos exigem conhecimentos de informática para descobrir todos os seus recursos… A infinidade de aplicativos e serviços on-demand já não cabe mais num controle convencional, daí por que os principais fabricantes estão transformando seus controles em… isso mesmo: mouses.
Na última CES, confirmou-se o que já vinha se afigurando desde o início do ano passado: os principais fabricantes de TVs estão adotando sistemas operacionais de computador, na tentativa de facilitar a navegação (sim, esse é um termo típico da informática que agora migra para a televisão; ninguém mais “zapeia”, apenas “navega”). Exemplos:
*A LG criou a versão 2.0 do WebOS, sistema operacional herdado dos tablets antigos (lembram-se do Palm?) e que já estava na linha de TVs 2014. Visualmente, é um mix entre uma tela de internet (tipo Netflix) e os guias de programação das operadoras de TV paga (neste vídeo, mostramos alguns detalhes).
*A Samsung lançou na CES um sistema próprio, chamado Tizen, depois de tentar várias formas de adotar o Google TV (hoje aposentado). Está em fase bem inicial, apelidado “sistema operacional de tudo”, numa alusão à IoE (internet of everything), que por sua vez já mudou o nome para o IoT (internet of things, ou “internet das coisas”). Vamos ver como o Tizen evolui.
*Sony, Philips e Sharp entraram em acordo com a Google e estão adotando, a partir deste ano, o Android TV. Também lembra uma tela de Netflix ou Amazon Video, mas por enquanto é impossível dizer se terá a mesma aceitação do sistema usado nos smartphones e tablets (vejam neste vídeo como funciona). Há, nos bastidores do mercado, uma queixa generalizada contra a Google, de que não costuma respeitar muito as parcerias. No caso, o entrosamento quanto a atualizações e avaliações de performance é crucial para o sucesso do produto.
*Já a Panasonic surpreendeu na CES ao demonstrar TVs com o navegador Firefox em seus aplicativos smart. Não é um sistema operacional (que exige processador dedicado), mas para quem já o conhece dos computadores pode ser mais fácil utilizar o TV.
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