Categories: Uncategorized

Anatel define como será o “Bolsa Ginga”

Esta semana, a Anatel anunciou sua decisão sobre a distribuição de conversores de TV Digital aos cadastrados no programa Bolsa Família. São cerca de 14 milhões de famílias que a partir do ano que vem começarão receber os aparelhos gratuitamente – pelo menos, essa é a promessa. Após meses de negociação com fabricantes, operadoras e emissoras, ficou definido que a caixinha terá (para o governo) um custo em torno de 30 dólares, segundo leio no site Convergência Digital.

Só relembrando: a oferta gratuita foi a forma que o governo encontrou de evitar que o chamado switch-off (desligamento dos transmissores analógicos das emissoras) deixe milhões de casas sem sinal de TV. Isso fatalmente aconteceria se todo mundo tivesse que adquirir o conversor, cujo custo de mercado está próximo de 100 dólares. A má notícia é que o conversor gratuito não terá conexão à internet, apenas entradas USB e Ethernet, úteis caso o feliz recebedor tenha como comprar um modem de banda larga.

Em compensação, o Ministério das Comunicações exigiu que o aparelho traga embutido o firmware Ginga, para aplicações de interatividade como acesso a serviços públicos de saúde, previdência etc. Fica em suspenso como se dará o milagre de oferecer tais serviços sem uma conexão de internet. Assim como os bolsistas continuam sem saber quem pagará por suas antenas para captar o sinal digital das emissoras (sem antena, não há sinal).

Com tudo isso, Anatel e Ministério empurram com a barriga um problema que, na prática, ninguém quer resolver: devido ao ajuste fiscal, não há dinheiro para bancar a promessa demagógica de conversor gratuito para todas as famílias pobres. E, sem isso, dificilmente as emissoras concordarão em desligar seus transmissores correndo o risco de perder milhões de telespectadores. Afinal, elas vivem de audiência!

Em tempo: tudo que o governo não quer é que essa bomba estoure em 2018, ano das próximas eleições presidenciais.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

TVs Miniled e a questão do brilho

  Semanas atrás, comentávamos aqui sobre os exageros dos fabricantes na especificação de luminosidade das…

4 dias ago

Panasonic, quase dizendo adeus

                  O que se pode depreender quando…

4 semanas ago

DeepSeek e a nova Guerra Fria

  Antes até do que se previa, a Inteligência Artificial está deixando de ser uma…

1 mês ago

Até onde chega o brilho das TVs?

Meses atrás, chamávamos a atenção dos leitores para os exageros nas especificações de brilho das…

1 mês ago

Netflix lidera, mas cai mais um pouco

                  Em outubro de 2021, publicávamos -…

2 meses ago

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

2 meses ago