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Cinema brasileiro ataca

Que Horas Ela Volta?, filme dirigido por Anna Muylaert e estrelado por Regina Casé, é uma das grandes surpresas do momento. A crítica americana adorou, o que é o primeiro (e importantíssimo) passo para concorrer aos prêmios internacionais no final do ano. Tem tudo para ser o representante brasileiro no Oscar, e Regina é cotada entre as melhores atrizes; já ganhou o Festival Sundance (vejam o trailer).

Em meio a tanto lixo exibido por aí, é legal ver um filme falado em português, e que trata da realidade do país, fazendo sucesso. Assim como esse filme, obras-primas como Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de Elite, apenas para citar os mais famosos, atraíram filas nos cinemas, estouraram no mercado de locação e ganharam prêmios pelo mundo. Dezenas de outras produções nacionais vêm sendo feitas, algumas inclusive com financiamento estrangeiro, gerando empregos e valorizando a cultura do país.

O problema é o oportunismo que, infelizmente, campeia no setor. Nos bastidores, alguns tentam “se arrumar”, como dizia um velho personagem de Chico Anysio. O Canal Brasil, da TV paga, 24 horas por dia dedicadas ao cinema nacional, acaba de lançar uma campanha publicitária sob o título “Casa do Cinema Brasileiro”. Num dos vídeos, um lobo mau vestindo os trajes de Jack Sparrow, personagem da série americana Piratas do Caribe, tenta derrubar uma casa identificada com o logotipo do canal (vejam o vídeo aqui). Mensagem: o cinema americano é o inimigo, a tentar destruir o que se faz, a duras penas, por aqui.

É engraçado e, ao mesmo tempo, patético. Mais ou menos como pedir às pessoas que não usem a internet porque esta é dominada pelos americanos; ou acusar o Google disso ou daquilo, enquanto se usa freneticamente seus serviços (incluindo as buscas e o YouTube). O cinema americano (assim como o francês, o italiano ou espanhol) jamais foi “inimigo” do cinema brasileiro, muito menos cabe no papel de lobo mau.

Por trás dessa ideia está o jogo de interesses pelas verbas da Ancine, que saem por baixo das mesas de Brasilia. Esse dinheiro sai dos impostos que a população paga, direto para os bolsos de produtores e seus amigos aparelhados. Lá, aliás, não existe nem um porquinho.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Oi Orlando,

    Essa frase ficou sem sentido: "O cinema brasileiro (assim como o francês, o italiano ou espanhol) jamais foi “inimigo” do cinema brasileiro, muito menos cabe no papel de lobo mau". Deveria ser cinema americano.

  • Amigo, acho que você cometeu um engano, no penúltimo parágrafo. Onde diz "O cinema brasileiro (assim como..." acho que deveria ser "O cinema americano (assim como...".

    No mais, ótima observação. Somos mais uma vez assolados pela mentalidade de vitimismo, busca por inimigos inexistentes, para explica nossa incompetência e dependência do Estado...

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Orlando Barrozo

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