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TV paga: como reconquistar os assinantes?

Um dos debates mais interessantes no último Congresso da ABTA, algumas semanas atrás em SP, foi sobre as formas de trazer de volta a chamada Classe C para o mercado de TV por assinatura. Foi essa camada da população que fez crescer o setor entre os anos 2008 e 2012, chegando a taxas de 30% ao ano. A expansão se deu principalmente através do serviço DTH (TV por satélite). Com a crise a partir de 2013, esse foi o segmento mais atingido (Sky e Claro perderam mais de 1 milhão de assinantes).

No Congresso, foi apresentada uma pesquisa da consultoria Plano CDE que mostra como a TV paga se tornou importante para muitos brasileiros. Até pelos hábitos criados pela TV aberta, grande parte das famílias tem no aparelho uma espécie de “janela” para a ascensão social. “Em cidades médias e na periferia das metrópoles, ir ao shopping já representa um custo alto”, comparou Mauricio de Almeida Prado, coordenador da pesquisa. “Há poucos equipamentos de lazer, e a televisão acaba sendo um dos mais baratos”.

O estudo concluiu que, para 77% das pessoas, assistir televisão é a principal atividade de entretenimento; sair para caminhar e ir à igreja, por exemplo, foram hábitos citados por apenas 23% dos entrevistados. Os pesquisadores perguntaram também sobre os benefícios que o consumidor percebe na TV paga, e esta foi definida como “opção de cultura” por 79% e como “agregadora da família” por 74%. Nas famílias com filhos, outra resposta interessante: 72% disseram sentir-se mais seguros com a família em casa. “Muitos têm receio do que os filhos vêem na internet e acham que na TV paga isso é mais controlado”, acrescentou Prado.

Mais: é maior o número de torcedores que, devido à violência, deixaram de ir aos estádios para acompanhar os jogos pela TV. Outros se sentem mais animados a viajar depois de assistir aos programas turísticos. Os próprios acontecimentos políticos, cobertos em detalhe pelos canais jornalístico, fizeram mais pessoas passarem horas diante da TV. Também houve quem citasse os canais de culinária como incentivo a uma vida mais saudável. “Muita gente não tinha referências sobre cultura, gastronomia, decoração etc., e isso lhes dá uma percepção de igualdade competitiva”.

Presente ao debate, o diretor geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, lembrou que os canais adaptaram suas programações para atender a esse novo público, que passou a ter assinatura no início da década. “Nada disso aconteceu por acaso”, disse ele. “Antes, a TV aberta era de massa e a TV fechada era para as classes A/B. De certa forma, o mercado brasileiro antecipou o que acontece hoje nos EUA, com pacotes mais acessíveis. Foi a maneira que encontramos para atender à Classe C”.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Melhorar os preços e os serviços , faixa de áudio e legenda que funcionem, se coloco o áudio em inglês com legendas em pt ela as legendas somem metade das falas.

  • Fazer as Classes C/D/E voltarem, so com pelo menos uma das duas opcoes:

    1. Precos menores.
    2. Emprego/renda de volta.

    A sugestao do Lock nao é suficiente... Eu, por exemplo, a TV Paga ja perdeu ha muito tempo, pelo motivo que o Alberto Pecegueiro, da Globosat, comentou na materia: "Antes, a TV aberta era de massa e a TV fechada era para as classes A/B". Pois é, popularizaram o conteudo da TV Paga para agradar ao gosto da Classe C (inclusive com a introducao generalizada da dublagem) e ficou uma porcaria. E nem vou citar o g*verno anterior com a imposição na marra das cotas bolivarianas, com a obrigacao de canais brasileiros e de conteudo brasileiro em pleno horario nobre dos canais estrangeiros, o que piorou ainda mais a situacao, inclusive obrigando excelentes canais como o BBC a sairem do Brasil ou mudarem radicalmente a sua programacao.

    Cancelei, parti para a busca de conteudo exclusivamente na internet (sem os problemas de programacao imposta pelo g*verno, sem os problemas com legendas que o Lock citou, sem dublagem, etc.) e hoje nao tenho a menor intencao de retornar para a tv paga, mesmo podendo pagar. O problema nao é o preco e sim o conteudo, que despencou ribanceira abaixo.

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Orlando Barrozo

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