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HDR: mais um enigma?

Mais do que outros setores da economia, a indústria eletrônica parece adorar enigmas. Já se perdeu a conta das polêmicas relacionadas à adoção de padrões de áudio, vídeo e automação. Betamax vs VHS, nos anos 1970/80, e Blu-ray vs HD-DVD, cerca de dez anos atrás, talvez sejas as mais famosas. Nesta segunda década do século 21, o mercado – incluídos aí os próprios fabricantes – se debate em torno da implantação do vídeo Ultra HD, que entre outras discussões traz uma nova sigla para ser decorada e entendida: HDR.

Embora já tenhamos tratado do assunto aqui e aqui, esse tipo de processamento merece constantes revisões. Por ser baseado em código aberto, e portanto livre de royalties, deveria ser mais simples. Só que não. High Dynamic Range, conceitualmente, é um tipo de tratamento do sinal de vídeo em que se consegue maior dinâmica entre pontos claros e escuros. Isso é feito durante a captação das imagens, que são codificadas e só podem depois ser reproduzidas em equipamentos compatíveis com HDR.

Na comparação com o sinal convencional (genericamente identificado como SDR – Standard Dynamic Range), a diferença é imensa. As imagens ganham em clareza e profundidade, as cores se tornam mais intensas. Seria ótimo, não fossem as benditas siglas usadas para denominar esse tipo de inovação, que só servem para confundir. Aquilo que foi lançado em 2014 como HDR é, na verdade, um conceito que pode se desdobrar em versões distintas.

Como de costume, a indústria se dividiu. E quem se aproveita disso é uma produtora de firmware, a Dolby, a mesma que já nos deu os processamentos de áudio Dolby Surround, Dolby Digital e mais recentemente Dolby Atmos. As demonstrações e análises mais recentes indicam que o Dolby Vision supera a versão inicial do HDR; esta, aliás, ganhou o apelido HDR10 porque, teoricamente, aumenta em dez vezes o nível de luminosidade aplicada a um sinal de vídeo. 

Nessa disputa, o maior fabricante de TVs do mundo (Samsung) coloca-se do lado do HDR10, enquanto os demais tendem ao Dolby Vision. Mas nada está decidido, até porque este último implica em pagamento de licenças que certamente ainda exigirão muita negociação. No Brasil, a LG foi a primeira a lançar TVs 4K compatíveis com os dois tipos de processamento; Sony e Philips por enquanto estão com a Dolby. 

Ainda falaremos muito sobre o tema.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Dizem que a Disney, muito próxima a Dolby, está esperando a maior adoção do padrão deles para lançar seus primeiros filmes BD UHD.

    Aproveito para deixar minha sugestão de mudar o sistema de comentários do blog. Nem mesmo permite receber respostas. Já pensou em usar o https://disqus.com/ ?

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