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Vivo terá Netflix. Dúvidas sobre a NET

A notícia da semana no mundo das comunicações é o acordo entre duas gigantes: Netflix e Telefónica anunciaram uma parceria global visando colocar o serviço de streaming na grade dos assinantes da operadora, na Europa e na América Latina. Para realçar o alcance avançado da união, os dois CEOs – Reed Hastings e José Maria Alvarez-Pallete – fizeram o comunicado em conjunto, só que não pessoalmente, mas através de um vídeo no Twitter. 

O acordo prevê que os detalhes da operação serão definidos em cada país onde o grupo espanhol atua. No Brasil, a Vivo informou que pretende colocar Netflix no ar ainda este ano, usando sua plataforma de IPTV. Existe a possibilidade, por exemplo, de as contas serem unificadas, com a mensalidade da Netflix sendo incorporada à fatura da Vivo; ou o serviço de filmes sendo oferecido em alguns pacotes de dados. Outros detalhes aqui.

Seja como for, quem mais deve se preocupar com acordos como esse é a NET/Claro, que é líder no segmento de TV por assinatura (quase 9 milhões de clientes, contra 1,6 milhão da Vivo, dados da Anatel em março). O mercado estima entre 8 e 10 milhões o número de assinantes da Netflix, ou seja, se a Vivo conseguir atrair metade deles (descontando-se as sobreposições) já terá dado um passo gigante. Segundo o site Tela Viva, o presidente da NET/Claro, José Félix, acha que por enquanto as ofertas da Netflix não são vantajosas. 

A presença da Netflix em pacotes de TV paga não é novidade em alguns países. De certa forma, vai contra o modelo de sucesso da empresa, que oferece conteúdo não-linear: assiste-se a qualquer momento, independente de grades. Mas, por ser dependente de banda larga, o serviço perde força em dispositivos móveis, segmento onde a Vivo reina, com cerca de 75 milhões de assinaturas, conforme a consultoria Teleco. Pelo mesmo raciocínio acima, se metade dessas pessoas adotarem a plataforma de filmes e séries, será um massacre de audiência.

Essas ilações nos levam a algo que já ouvi de vários executivos do mercado: Netflix não concorre com as operadoras, mas sim com os canais. Não é por acaso que a Globo vem expandindo seus investimentos em serviços online, assim como as principais programadoras estrangeiras (Turner, HBO, Fox, Discovery). O anúncio da parceria Vivo-Netflix certamente irá acelerar esses planos, especialmente da Globo, que não pode colocar em risco sua histórica liderança.

Essa série de suspense ainda terá muitos episódios.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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