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Berlim, ano 75, uma experiência multimídia

O último dia 8 de maio marcou os 75 anos da data que se considera oficialmente como o fim da 2a Guerra Mundial. Somadas as vítimas e os custos materiais, foi a maior tragédia da humanidade em todos os tempos, episódio já retratado em tantos livros, filmes, reportagens e depoimentos dos sobreviventes, e cujas consequências são sentidas no planeta até hoje. Sou particularmente obcecado pelo tema, a ponto de que, na primeira vez que estive em Berlim foi difícil conter a emoção. Voltei várias vezes e, em todas, algo como uma força magnética me conduzia a pontos da cidade que tiveram especial importância durante o conflito.

Já comentei aqui sobre a relação dos alemães com sua história, particularmente a do século 20, marcado por duas grandes guerras em que o país saiu derrotado. Se, na 1a (1914-1918), o resultado foi humilhante e mexeu com os brios da população, algo muito bem explorado por Hitler para comandar sua ascensão ao poder, ao final da 2a (1939-1945) a humilhação deu lugar a um espírito de união raras vezes encontrado na história. Foi como se os alemães dissessem “não vamos cometer a mesma bobagem outra vez”.

O resultado foi um vigoroso renascimento da nação, reconstruída das cinzas até se tornar, em menos de 20 anos, a terceira maior economia e um dos países com melhor qualidade de vida do planeta – e vale lembrar: muito ao contrário dos EUA, onde, apesar da riqueza e da vitória na guerra, os níveis de desigualdade até hoje são altíssimos. Mas essa introdução serve para falar do fantástico espetáculo criado pelos alemães para marcar o fim da guerra. Além de alguns eventos presenciais (foto acima), limitados pela COVID-19, foi montada uma “exposição virtual” que pode ser apreciada neste link

É um primor de pesquisa iconográfica, com imagens terríveis da destruição causada pelos combates em solo germânico, embora na verdade a maior quantidade de perdas humanas tenha acontecido em terras soviéticas. As imagens editadas conseguem exprimir grande parte do sofrimento, que começou bem antes de 1939, ainda na década de 1920, quando o país mal se recuperava da 1a. Guerra e tinha sua economia em frangalhos. Aos poucos, os nazistas foram tomando conta da situação, aproveitando-se inclusive da insegurança generalizada na sociedade, politicamente muito dividida (e se você lembrou do Brasil de hoje, não é sem motivo).

Ao assumir o poder, em janeiro de 1933, Hitler iniciou sua caçada a inimigos reais e imaginários, focando nos judeus e nos imigrantes e impondo à população suas ideias sobre a supremacia ariana. Milhares de perseguições, torturas e assassinatos aconteceram até setembro de 1939, quando o ditador decidiu invadir a Polônia, dando início oficialmente à 2a Guerra. 

O documentário, coproduzido por várias entidades alemãs, traz – além das imagens editadas – um podcast, uma seção em Realidade Aumentada e uma série de depoimentos de sobreviventes, algo que, por mais que tenhamos visto em filmes, é chocante quando relatado pelos próprios personagens da história. 

E, para quem quiser aproveitar a quarentena e conhecer um pouco mais sobre a 2a Guerra, seguem abaixo algumas sugestões em livros e filmes que estão na internet e nos serviços de streaming (clique nos links para ver trailers, resenhas e comentários).

Apenas um detalhe final: o conflito ficou conhecido como “Grande Guerra” por ter sido a que provocou mais vítimas; antes, o nome era dado à guerra de 1914-1918. Esperamos que continue assim, pois caso contrário terá sido porque tivemos um conflito ainda mais devastador – a tal 3a Guerra Mundial, que, se houver, espero não estar aqui para ver.

LIVROS

A Segunda Guerra Mundial, de Martin Gilbert

Ascensão e Queda do Terceiro Reich, de William L. Shirer

A Mente de Adolf Hitler, de Walter C. Ranger

O Papa Contra Hitler, de Mark Riebling

No Jardim das Feras, de Eric Larson

Paris – A Festa Continuou, de Alan Riding

Eichmann em Jerusalém: um Relato sobre a Banalidade do Mal, de Hannah Arendt

Stalingrado, de Antony Beevor

Mussolini e a Itália Fascista, de Martin Blinkhorn

O Dia D – A Batalha de Salvou a Europa, de Antony Beevor

 

FILMES

A Lista de Schindler, de Steven Spielberg (1993)

A Queda – As Últimas Horas de Hitler, de Oliver Hirschbiegel (2004)

O Julgamento de Nuremberg, de Yves Simoneau (2000)

O Pianista, de Roman Polanski (2002)

A Vida é Bela, de Roberto Begnini (1997)

Casablanca, de Michael Curtiz (1943)

Stalingrado – A Batalha Final, de Joseph Vilsmaier (1993) (versão alemã)

Stalingrad, de Fedor Bondarchuk (2013) (versão russa)

O Destino de uma Nação, de Joe Wright (2017)

Operação Valquíria, de Bryan Singer (2008)

Além da Linha Vermelha, de Terence Malick (1998)

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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Orlando Barrozo

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