Será assim a primeira vez que uma grande empresa de internet aceita pagar para usar material de alguém. Como se sabe, até hoje o Facebook vinha desdenhando das empresas jornalísticas, na crença de que ali já circulam milhões de notícias divulgadas espontaneamente pelos próprios usuários. Por várias vezes, Mark Zuckerberg declarou que não iria pagar nada. Agora, irá criar equipes de curadoria para selecionar notícias entre sites jornalísticos que se associem ao FB.
Inicialmente, as notícias desses parceiros só poderão ser vistas no app do Facebook para smartphone, como já acontece nos EUA (vejam aqui). Na França, Zuckerberg foi obrigado pela Justiça a negociar com as editoras e um acordo deve sair nas próximas semanas. Mas as maiores pressões vêm mesmo do Reino Unido, cujo governo criou a DMU (Digital Markets Unit), vinculada à poderosa CMA (Consumer Market Authority), equivalente ao Cade brasileiro, para executar a nova política.
A intenção explícita é obrigar as gigantes da internet a respeitarem as regras da concorrência. “O código de conduta a ser aplicado pelo novo órgão regerá a relação comercial entre plataformas e empresas jornalísticas, a fim de ajudá-las a se manter no mercado e garantir acordos justos para os editores“, diz o comunicado de criação da DMU. Este site traz mais detalhes.
Como se vê, os britânicos sabem que é preciso fortalecer o jornalismo diante das redes que se alimentam de fake news. Desde o escândalo da Cambridge Analytica (2016), que comentamos aqui, a reputação do Facebook vem despencando. Parece que Zuck percebeu a tempo.
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