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Magalu e a estratégia de “crescer comprando”

 

 

Estávamos no começo da pandemia quando comentamos aqui uma entrevista do presidente da Magalu, Frederico Trajano, anunciando que manteria fechadas suas 1.100 lojas enquanto não houvesse segurança para funcionários e clientes. Claro, Trajano podia se dar a esse luxo porque, uns dez anos antes, decidira apostar alto no comércio online. Naquele momento (abril/2020), metade do faturamento da Magalu vinha das vendas virtuais.

Bem, nestes 15 meses, aconteceu algo inédito na história do varejo brasileiro. O número de lojas físicas da rede subiu para 1.350, devendo fechar o ano em 1.440 e com previsão de 1.680 até 2023. Ao mesmo tempo, a Magalu efetuou nada menos do que 21 aquisições no mundo online, incluindo uma processadora de cartões (crédito e débito), uma financeira digital, um sistema de buscas, uma desenvolvedora de software para comércio, um app de entregas, uma plataforma de logística, outra de moda e um site de informações sobre tecnologia (Canaltech).

Nesta quinta-feira, foi anunciada oficialmente a maior de todas as aquisições: o site de compras KaBuM, um dos que tiveram crescimento mais rápido nos últimos anos. Fundado em 2003 por dois irmãos na cidade paulista de Limeira, o KaBuM soube focar em eletrônicos e inovar no atendimento, principalmente em dois pontos cruciais: preço e agilidade nas entregas. É hoje o endereço onde se encontra a maior variedade de aparelhos e acessórios (cerca de 20.000 itens) e atende 8 milhões de clientes cadastrados em 5.000 cidades.

Com tais credenciais, há quem diga que o preço pago pela Magalu – R$ 1 bilhão à vista, mais ações que totalizam R$ 2,5 bi – até que foi baixo (vejam detalhes do negócio aqui). Importante, porém, é a sinalização dada pelo comprador: KaBuM não era concorrente, mas poderia se transformar nisso, a continuar nesse ritmo. E, da mesma forma que copiou o modelo de market place da Amazon (para aperfeiçoá-lo e até superá-lo), Magalu segue a estratégia de “crescer comprando”, quase de forma obsessiva – o que não quer dizer “descontrolada” – também criada pela gigante americana.

Essa receita, que tem vários defensores no mundo dos negócios, traz as vantagens de atrair investidores (as ações da empresa subiram 3,5% após a notícia, como já tinha acontecido nas aquisições anteriores); e “cercar” o consumidor por todos os lados possíveis. Hoje, qualquer um que vá comprar na internet acaba sendo bombardeado por essa marca – e seus ícones – que rapidamente se consolida como a Amazon brasileira.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Já gostava do kabum antes.. agora gosto mais ainda! O Magalu sempre entregou tudo certinho aqui!

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