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Netflix e a pressão de ser líder mundial

Não é fácil ser líder de mercado. Mais ainda quando seus concorrentes são, quase todos, maiores do que você. É o caso da Netflix, que nesta quinta-feira anunciou um aumento médio de 20% no valor de suas assinaturas no Brasil, provocando reações iradas nas redes (vejam aqui), inclusive com a já surrada hashtag #adeus Netflix. Já aconteceu outras vezes, e também em outros países (EUA inclusive), e isso não fez cair o número de assinantes.

Não devem ser essas queixas que preocupam os executivos da empresa fundada em 1998 por Reed Hastings e Marc Randolph. Como já comentamos aqui, a Netflix conseguiu algo raro na história corporativa: invadiu um mercado dominado por gigantes e acabou se transformando em benchmark até para esses mesmos gigantes. Criou um modelo de assinatura de baixo custo que hoje é copiado no mundo inteiro. Desenvolveu um algoritmo de recomendações que parece anos-luz à frente das outras plataformas. Aperfeiçoou o conceito de CDN (Content Delivery Network) quase à perfeição.

Contra todas as apostas, invadiu também Hollywood e virou sensação no Oscar, aumentando a cada ano o número de indicações. Não foi casual, portanto, ter chegado a 209 milhões de assinantes, segundo o balanço do trimestre abril-junho. E também não espanta que esteja agora sob blitz dos analistas de mercado, por não conseguir manter o ritmo de crescimento dos últimos anos. No segundo trimestre de 2020, quando a pandemia obrigou todo mundo a passar mais tempo em casa, a Netflix bateu seu recorde histórico: 10 milhões de novos assinantes em apenas três meses. Agora, um ano depois, foram “apenas” 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo a entrar no clube.

A produção, em escala industrial, de novas séries e filmes que estreiam quase toda semana, e numa velocidade que a concorrência não consegue alcançar, é o grande trunfo da Netflix para manter a liderança. Para os próximos anos, a aposta é manter essa média de lançamentos com a contratação de gente como Steven Spielberg, que acaba de assinar contrato para criar e produzir, quem sabe, atrações como E.T., Tubarão etc.

Talvez já em 2022 a Netflix comece a lançar também games. Semanas atrás, a empresa contratou Mike Verdu, ex-executivo do Facebook, Atari e Electronic Arts, para montar uma equipe de desenvolvedores de jogos, quem sabe até explorando hits do streaming como Stranger Things, A Casa de Papel e Black Mirror, que são propriedades da Netflix.

Pelo jeito, os concorrentes continuarão tendo muito trabalho para chegar perto do líder.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Na verdade, a Netflix foi a primeiro a entrar no Brasil ( Acredito). Agora, temos variados Streamings de áudio e vídeo, aumentando a concorrência. Assinei a Netflix em 19 Março de 2016, com sete dias de degustação, passando a ser cobrado no dia 26 de cada mês. Sempre usando o Plano de quatro telas, no próximo dia 26 de Agosto, passará para R$ 55,90. Nesses quase seis anos, houve um aumento de quase duzentos por cento. Pois é, sem Hashtag nenhuma, já agendei o CANCELAMENTO para 25 de Agosto e, comigo, vão familiares e amigos. Temos conversado muito a respeito. A Netflix acha que está sozinha no mercado e que é a dona de tudo. Ledo engano. Atualmente, além da Plataforma em questão, Assino Amazon Prime Video (R$ 89,00/ano, R$ 7,42/mês); Apple TV+ (R$ 99,90/ano, R$ 8,33/mês); HBOMAX (R$ 13,95/mês); YOUTUBE (R$ 20,90/mês); Apple Music (R$ 16,90); Tidal Hi-fi (R$ 33,90); Spotify (R$ 19,90); Amazon Music (R$ 16,90); Deezer (Incluído no Plano celular TIM), dentre outros.

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