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Netflix quer taxar compartilhamento

Mais um argumento para aqueles (não são poucos) que consideram a Netflix um fenômeno passageiro e um empreendimento sem futuro. Nesta quarta-feira, a empresa anunciou nos EUA que pretende cobrar taxas de assinantes que compartilham suas assinaturas fora de casa. Você sabe, aquele irmão, primo ou amigo a quem você revela a senha de acesso e que, se for amigo mesmo, aceitará lhe pagar parte do valor mensal.

Desde sempre, as assinaturas dos serviços de streaming – e tudo começou com a Netflix – vêm sendo compartilhadas. Alguns deles até usam isso como argumento de venda. Não sei como a empresa faria para fiscalizar e cobrar, já que restringiria a liberdade do assinante acessar o serviço onde quiser. Caso típico é alguém que possui apartamento na praia e gosta de passar lá os fins de semana. Teria de fazer duas assinaturas?

A Netflix, em seu comunicado, alega que a cobrança é necessária para dar conta dos custos de investir em novos filmes e séries de qualidade. Mas isso pode ser lido de duas formas. Na mais benevolente, a empresa de fato pretende continuar com suas superproduções – e é provável que, para garanti-las, muitos assinantes concordem em pagar mais.

Mas os números dizem outra coisa. Em 2021, pela primeira vez a Netflix registrou queda no ritmo de crescimento, conquistando “apenas” 18,2 milhões de novos assinantes, contra 37 milhões em 2020. No último trimestre do ano, seu lucro líquido caiu 58% na comparação com o trimestre anterior. Esses dados preocuparam os investidores, que como se sabe ditam as regras nas grandes corporações.

Embora seja a maior provedora de streaming do planeta, com nada menos do que 221,84 milhões de assinantes em dezembro último, a Netflix sofre com concorrentes de peso, como Disney, Amazon e HBO; esta agora se unindo à Discovery (vejam aqui).

Não é mera coincidência que sua projeção de crescimento para o atual trimestre (janeiro a março) seja de meros 2,5 milhões de assinantes novos – o que seria seu pior resultado até hoje. Quando saiu essa informação, a empresa perdeu inacreditáveis US$ 50 bilhões em valor de mercado apenas em algumas horas…

Sem falar num concorrente “invisível”, que é a pirataria. Sim, tem muita gente pirateando séries e filmes de sucesso da Netflix, e contra esse inimigo não há dinheiro que chegue. Sobre isso falaremos num próximo post.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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