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8K e a questão das redes domésticas

 

A cada dia vai ficando mais clara a dificuldade da indústria para emplacar a tecnologia 8K junto aos consumidores. Não falo especificamente do mercado brasileiro. Recente pesquisa divulgada pela consultoria inglesa Omdia informa que somente 350 mil aparelhos de TV 8K foram vendidos no mundo em todo o ano de 2021. Isso equivale a menos de 1,5% do total comercializado pelos fabricantes (65% das vendas foram da Samsung). Vejam neste gráfico global por região a estimativa de lares com TV 8K hoje e nos próximos quatro anos:

Não são números surpreendentes. Quando foram lançados os primeiros TVs 8K, em 2019, vários analistas alertaram que talvez aquilo fosse prematuro. A própria indústria tinha estudos nessa linha, mas resolveu arriscar. Não há como saber se a estratégia resultou em prejuízos, mas o fato é que pesquisadores como os da Omdia encontraram algumas causas plausíveis para o baixo impacto da novidade.

A primeira delas é que a maioria dos consumidores parece satisfeita, e muito, com seus atuais TVs 4K. Já escrevemos aqui que o maior salto de qualidade ocorreu quando passamos das TVs de tubo (analógicas) para as de tela plana (digitais). Quando estas se tornaram Full-HD, e o Blu-ray chegou para substituir o DVD, outro salto aconteceu para encantar quase todo mundo.

A passagem do HD (2K) para o Ultra HD (4K) está sendo mais rápida porque as pessoas estão trocando de TV a intervalos menores, mas o impacto visual não é tão grande quanto foi aquele primeiro. E agora está difícil convencer as pessoas a adotar 8K, com seus 33 milhões de pixels, pelo simples fato de que elas não têm como usufruir de tudo isso. Os custos para se produzir em 8K são ainda exorbitantes, e com exceção de alguns documentários no YouTube e no Vimeo, não há o que assistir.

E há ainda a questão das redes. Não existe transmissão pelo ar sequer em 4K, e portanto todos dependemos das conexões cabeadas de banda larga. A 8K Association recomenda algo como 50Mbps para se assistir sem travas, o que está bem distante da realidade na maioria das casas, ainda mais em tempos de home office, lives etc.

Voltaremos a esse assunto em breve, mas um detalhe apontado na pesquisa da Omdia não deixa de ser ilustrativo: o único país onde a Samsung – maior fabricante mundial – não lançou TVs 8K foi o Japão. Justamente aquele que já possui um canal de TV regular dedicado a conteúdos com essa qualidade. Vai entender.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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