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Netflix pode comprar a Roku

Em mais uma prova de como o mercado mundial de streaming se tornou importante, aumentaram nas últimas semanas os rumores de que a Netflix irá adquirir o controle da Roku. As duas empresas vêm tendo queda em suas cotações e, segundo muitos analistas financeiros, uma fusão seria bem-vinda de ambos os lados. O super bem informado site Business Insider, que monitora os bastidores das empresas de tecnologia, diz que as conversas sobre um acordo correm solto entre os funcionários da Roku.

Primeiro, um pouco de história. Roku, hoje líder mundial em players de streaming, foi fundada por Anthony Wood, ex-funcionário da Netflix; ou seja, é o que no jargão da indústria se chama spinoff. Wood teve até financiamento da Netflix para começar o negócio, em 2002, que nasceu para ser apenas uma divisão da empresa e depois ganhou vida própria (aqui, detalhes sobre a história da Roku).

O possível retorno de Wood à velha casa tem a ver com os números. Segundo o Business Insider, as ações da Roku na Nasdaq caíram nada menos do que 80% nos últimos 12 meses – poucas marcas sobrevivem em tal cenário. Parece que a Roku está perdendo a guerra contra os fabricantes de TVs, prenunciada pelo próprio Wood anos atrás, quando disse que Samsung, LG, Sony etc., por serem empresas de hardware, não teriam cacife para bancar a velocidade da evolução dos softwares que regem a indústria do streaming.

A crise da Roku vem a calhar para a Netflix, que planeja driblar a perda de assinantes (detalhes aqui) com a criação de um serviço AVoD (Advertise-based Video-on-Demand). Esse é um modelo de sucesso atualmente nos EUA, e que começa a crescer em países como o Brasil, devido a um apelo quase irresistível: é um serviço gratuito, bancado apenas por publicidade.

Se você é daqueles que topariam não ter que pagar a assinatura do Netflix em troca de ver anúncios entre os filmes – ou até inseridos neles – então, esse modelo pode lhe ser atraente. Afinal, YouTube, o site de vídeos mais assistido do mundo, funciona assim, certo?

Roku compete diretamente contra Apple (que produz o player Apple TV), Amazon (Fire TV), Google (Chromecast) e os fabricantes de TVs que possuem plataforma própria, como Samsung (Tizen) e LG (web OS). Parecem muitos cachorros grandes para se enfrentar de uma vez só, não?

A dúvida entre os especialistas é: valeria a pena para a Netflix arriscar eventuais parcerias como esses gigantes e se tornar concorrente deles? Bem, as ações da empresa também despencaram nos últimos meses (70% desde dezembro). E a Roku faturou com publicidade US$ 647 milhões no primeiro trimestre de 2022, com um total de 60 milhões de assinantes (quase 30% do que possui hoje a Netflix).

Esse dinheiro cairia bem numa hora dessas, e o aumento da base de assinantes certamente multiplicaria o potencial de faturamento com publicidade. É o que devem estar pensando neste momento os executivos da Netflix.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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