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Não faça você mesmo!

 

 

 

A moda do “faça-você-mesmo” nasceu nos EUA com a frase “do it yourself” (DIY). Foi nos anos 70/80, quando jovens nerds começaram a querem montar seus próprios computadores. Alguns deles atendiam por nomes como Bill Gates, Steve Jobs e Michael Dell, cujos pais lhes cediam suas garagens para “brincarem” de cientista.

A brincadeira foi atraindo mais e mais garotos e garotas (e alguns senhores também), a ponto de fabricantes de peças lançarem kits de placas, chips e fios em envelopes com a frase irresistível: do it yourself. O resto da história você sabe, mas talvez não imagine que, para cada Bill Gates, houve milhares de nerds que não deram certo.

Num país como os EUA, onde maioria dos garotos de classe média que vão bem em ciências e matemática sai do ensino médio para um curso técnico, a ideia faz todo sentido. Juntando sua curiosidade natural com conhecimentos básicos de eletrônica, muitos deles se transformam em adultos capazes de abrir e consertar qualquer aparelho. Ou, pelo menos, se transformavam – hoje, na era do descartável, só faz isso quem é muito nerd mesmo.

Por lá, é proibitivo o custo de mandar consertar algum aparelho ou chamar um técnico para vir em casa, o que anima as pessoas a tentar resolver as coisas por conta própria. Já num país como o Brasil, embora também existam nerds, são poucos os que adquirem base técnica para se aventurar no FVM (tradução do DIY). Cria-se assim um enorme mercado informal para todo tipo de profissional, mesmo aqueles que não têm lá muito conhecimento.

O valor da (boa) tecnologia

Desculpem os quatro longos parágrafos, mas essa contextualização era importante para falar do atual mercado de automação residencial, em que se multiplicam as soluções de baixo custo, vendidas como milagrosas. Em reportagem recente da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL (cliquem aqui), abordamos o assunto apontando os riscos – sim, eles existem – de adquirir produtos de automação muito baratos, muitos deles de curta vida útil, quando não descartáveis mesmo.

É muito fácil encontrá-los, e o YouTube está cheio de influencers garantindo que este ou aquele gadget é a oitava maravilha do planeta. Mas é importante o consumidor ser conscientizado de que, por mais que seja tentador acender todas as luzes da casa com um simples toque no celular, essas “mágicas” exigem tecnologia. É preciso montar um “sistema”, com hardware, software, programação, inteligência. E isso tem de ser executado por profissionais treinados.

Em tecnologia, como em tudo na vida, não há milagres. Nada contra o FVM, mas para ter bons produtos, e bons serviços, é preciso pagar o seu real valor.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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