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Sua excelência o processador de TV

 

 

 

Com o fim da CES nesta 6a feira, fica mais fácil destrinchar o verdadeiro desfile de inovações a que assistimos, in loco, aqui em Las Vegas. Vamos tentar explorar esse material nos próximos dias. E um dos itens mais importantes me parece ser o novo e fundamental papel dos processadores no desempenho das TVs.

Sim, é complicado comentar algo que não podemos ver e que, na verdade, nem sabemos como funciona. Antes de tentar, quero citar o grande jornalista e escritor Ruy Castro, que em sua coluna de hoje na Folha conta que, ao chamar um técnico de informática para consertar seu computador, e após o serviço concluído, perguntou: “O que era”? E ouviu esta maravilha: “Não tem explicação. Você pensa que computador é só matemática? É macumba também”.

Não chego a tanto, mas destrinchar o funcionamento de um chip (leia-se: processador) é quase uma arte divina. Vejam que, ultimamente, os principais fabricantes de TVs vêm destacando em seus materiais as capacidades de seus processadores. O da Samsung chama-se Neural Quantum, que nas TVs exibidas nesta CES deu lugar ao NQ8 Gen 3; o atual da LG é Alpha 9, que este ano será substituído pelo Alpha 11; a TCL traz a versão 3.0 do chip AiPQ… e assim por diante. A cada ano, uma nova geração de chips.

 

 

A questão é o que cada processador faz exatamente. Com a quantidade de atrativos que as novas TVs oferecem, fico a pensar se um único chip consegue dar conta. No caso da Samsung, por exemplo, a explicação é que o NQ8 (usado nas TVs Neo QLED 8K 2024), trabalha com nada menos do que 512 redes neurais, ou seja, 8x mais que o Neural Quantum dos modelos atuais.

Teoricamente, cada uma dessas redes (“neural” é um jargão adaptado para a informática, indicando que os circuitos do chip atuam imitando o funcionamento dos neurônios no cérebro humano) é dedicada a uma função na TV. A lista é grande:

*Upscaling do sinal HD, Full-HD para 4K ou 8K;

*Ajuste de cada quadro da imagem em tempo real ,com base em referências contidas num “banco de dados” dentro do chip;

*Ajuste do brilho conforme a luz do ambiente, captada por sensores estrategicamente posicionados no gabinete;

*Regulagem do áudio para que, numa cena de ação o usuário possa distinguir os diálogos das explosões;

*Gerenciamento das dezenas de apps que vêm instalados na TV, mais aqueles que o usuário baixa por conta própria;

*Controle do sistema operacional para que o acesso seja rápido e fluido;

*Gerenciamento de todas as fontes de sinal conectadas à TV, com ou sem fio;

*Responder com precisão aos comandos do controle remoto;

*Calibrar a reprodução de games e todas as suas variantes, incluindo frequência de renovação da tela e redução da latência.

Ufa! Os demais fabricantes não falam em “redes neurais”, mas o princípio é o mesmo: um bom processador tem que cuidar de tudo isso e muito mais. E, na era da IA, cabe ainda ao bichinho coletar e interpretar as ações do usuário para oferecer recomendações de conteúdos. Mais do que isso, entender seu comportamento e tentar ajustar som e imagem segundo os padrões que ele prefere.

Digo “tentar” porque é praticamente impossível acertar em 100% dos casos. Com tantos algoritmos e aprimoramentos, por que é que de vez em quando a TV não consegue perceber que não gosto de tal gênero de filme e fica me recomendando a mesma coisa? Pois é, esse é um processo lento e que depende da “inteligência” do processador. E não há milagre: os melhores custam mais caro.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Olá Orlando,
    Lendo esta reportagem relacianada aos chips, penso na evolução humana, como eramos e o que somos.
    A evolução tecnológica das TVs tem um pouco desse ciclo de evolução, antes quando liamos uma reportagem relacionada com as TVs, a comparação estava liga aos olhos humanos, nesta virado do século XXI, o olho humano ficou para trás, a comparação recente da CES 2024, demonstra o quanto o ser humano está evoluindo, chegando aos chips, que são comparados ao sistema neural dos seres humanos, ou seja, as TVs passaram de uma conectação com olhos, para uma conecção de cérebros entre máquinas e humanos.
    Abraço.
    Dinaldo

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Orlando Barrozo

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