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TV 3.0: em busca do financiamento

 

 

 

 

 

 

 

O Ministério das Comunicações (Minicom) deve enviar nos próximos dias ao Palácio do Planalto o texto do decreto de implantação da TV 3.0. A expectativa do mercado era que o documento seja assinado pelo presidente da República este ano. Existe certa ansiedade, porque ainda precisam ser definidos vários aspectos do projeto elaborado pelo Fórum SBTVD, que desde 2020 vem fazendo testes e estudos junto a emissoras, universidades e centros de pesquisa. E sabe-se que essa assinatura pode ajudar a destravar vários desses pontos.

Quem deu a notícia foi Tawfic Awad Junior, diretor de Inovação, Regulamentação e Fiscalização do Minicom, durante evento da SET em Belém do Pará (vejam aqui os detalhes). Segundo ele, a TV 3.0 depende agora de acordos de financiamento para compra de equipamentos e treinamento de pessoal técnico. Não é segredo que as emissoras não dispõem dos recursos necessários. Nem mesmo a Globo. Além do Minicom, os ministérios de Indústria & Comércio e de Ciência & Tecnologia atualmente negociam com fontes como BNDES, BID e Banco Mundial, entre outros.

Normas, frequências e importação de equipamentos

Outra frente de negociação envolve os fabricantes de TVs, smartphones e demais dispositivos de recepção, já que a TV 3.0 obrigará a renovação de todo o parque instalado. Fontes da indústria trabalham com a ideia de um cronograma similar ao do switch-off da TV Analógica, que começou em 2009 e oficialmente encerrou-se no ano passado – acreditando-se que seja possível concluir o processo de implantação em tempo mais curto.

Segundo Awad, está em debate o chamado PPB (Processo Produtivo Básico), que envolve a criação de uma série de normas e metas para a produção dos aparelhos no país, incluindo percentuais para a importação de componentes. Além disso, as normas terão de passar pela análise da ABNT antes de ser oficializadas. E há a questão do espectro de frequência a ser utilizado pelas emissoras no padrão 3.0 (a princípio, usando a faixa de 300MHz), sob coordenação da Anatel.

Um ponto interessante contemplado pelo projeto do Fórum SBTVD – cujo nome oficial é ISDB-T 3.0 – é abrir a possibilidade de exportar equipamentos e serviços produzidos no Brasil, já que o mesmo padrão será utilizado em vários países da América Latina. Esse foi um dos critérios adotados para definir os softwares, firmwares e protocolos de comunicação sobre os quais irá operar o sistema. Grandes marcas internacionais (Sony, Panasonic, Harris, Sharp, Intel, Ericsson e outras) estão entre os prováveis fornecedores.

 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Olá Orlando, boa noite!
    O projeto da TV 3.0 vai mais além do que a aprovação e assinatura do Presidente da República, ou seja, o tamanho do investimento é relevante. Consegue informar qual seria a média desse investimento e o impacto na economia, já que precisa substituir todo o parque tecnológico deste segmento?
    Onde começaria o cronograma desse projeto da TV 3.0, nas principais capitais, para obter êxito no processo de instalação?
    Existe um planejamento dos receptores de canais, para atender o uso da nova tecnologia TV 3.0 em diferentes regiões do Brasil?

    • Olá Dinaldo, obrigado pela mensagem. Como explico no post, a partir da assinatura do presidente o mercado começará a se movimentar para implantar o novo padrão. Acredito que, neste momento, ninguém saiba ao certo o tamanho do investimento necessário, até porque serão centenas de fornecedores de equipamentos e acessórios e as negociações sequer começaram. O cronograma deve ser o mesmo da TV Digital, começando pelos mercados maiores (SP, RJ, DF, BH). Quanto aos receptores, não sei se entendi a pergunta. Pelo que estou informado, os fabricantes aguardam as definições relacionadas ao PPB para tomarem suas decisões. Abs.

  • Olá Orlando, boa tarde!
    Agradeço-lhe imensamente pelos seus comentários e por disponibilizar este canal de informações que enriquece o ecossistema da tecnologia.
    Atuou como contador consultor e sempre comparo a contabilidade, a evolução tecnológica de um aparelho de TV, onde as duas andam de mãos dadas na linha do tempo, quando comecei na profissão, atuei com os processos de gelatinas nas emissões dos diários nos anos 80, já existia um processo de transição à utilização dos computadores, hoje, os processos estão todos integrados com ERP, BI e reuniões a distância, que intensificou no período pandemia, intensificando pós pandemia. Quando falamos de vídeo conferência, é algo que ajuda nos processos de vendas, onde imagem, som e texto, permite qualificar, diagnosticar e apresentar uma proposta, graças as tecnologias de comunicações que nos permite viver esta realidade de ajudar os empresários a prosperar, diante de desafios e competições no mundo dos negócios. Excelente domingo. Abs.

  • As emissoras nao tem dinheiro, e nós, o mercado consumidor, nao temos dinheiro (nem necessidade) para pagar por televisores que ficarao ainda mais caros para embutir um monte de tecnologias novas (principalmente um novo sintonizador) por uma coisa que a cada dia que passa fica ainda mais obsoleto: o modelo da tv linear. Quem assiste tv linear hoje em dia é principalmente os mais velhos e os mais pobres, exatamente os que normalmente possuem menos recursos.

    E qual a real necessidade de tudo isso, se o caminho futuro é o streaming?
    ----

  • Pelo que sei da TV 3.0, ela é compatível com o sistema atual. Não é a mesma coisa do trauma da substituição do analógico pelo digital. Acontece que a TV 3.0 é um salto em matéria de qualidade de imagem e som e a troca pode ser paulatina. As estações devem trocar aos poucos os equipamentos, coisa que já fazem regularmente. E o consumidor vai pelo mesmo caminho: trocando de aparelhos assim que o antigo estragar ou ficar ultrapassado tecnologicamente. Acho que a mudança via ser assim: devagar e sempre.

    • Infelizmente, não será bem assim, André. Teremos ainda um longo trajeto até podermos assistir os conteúdos da TV 3.0. Como explico no post, o maior problema é o financiamento da troca de transmissores e o treinamento das equipes técnicas das emissoras, já que estamos falando de um sistema integrado TV+internet. Abs

  • Boa Noite, Orlando sempre fui leitor da revista Home Teather e Casa Digital desde 1997, quando iniciou a venda nas bancas, sempre gostei de tecnologia e a revista sempre nos mentem informados nesta área e muitas outras. Gostaria que você me tirasse uma dúvida as TVs quê chegaram este ano como Samsung LG TCL elas já estariam preparada para a TV 3.0

    • Olá Ricardo, obrigado pela msg. Não, todos vamos ter de trocar de TV para receber o sinal 3.0. O que se está estudando é produzir inicialmente um conversor que não custe muito caro e funcione com as TVs atuais. Mas isso ainda não é certo. Nos países que já adotaram a TV 3.0, a troca de TV vem sendo obrigatória, daí por que o processo de implantação está sendo lento. Mas o governo brasileiro planeja ter o sistema disponível para a Copa de 2026. Abs

  • Olá Orlando, boa tarde!
    Um assunto desta magnitude, TV 3.0, que envolve todos os brasileiros, diretamente ou indiretamente, consegue atingir 5 (cinco pessoas) que desperta interesse e permite interagir com perguntas e respostas, mostra como a sociedade brasileira está desconectada com um tema que vai mudar a cultura, a forma de interagir com os meios de comunicações e os impactos econômicos das empresas e da sociedade.
    Como tudo que acontece no nosso país, a sensação que tenho é que a TV 3.0, parece uma ação paralela, desconectada da realidade brasileira. Precisamos evoluir e tornarmos competitivos, é o caso da reforma tributária que o Congresso e o Senado acabaram de aprovar, mas a sociedade precisar ser mais participativa e preparar melhor a nossa sociedade, para não ser tragada por tsunami.

    • Olá Dinaldo, concordo com você. Precisamos de uma sociedade mais participativa em vários setores. Mas note que, mesmo nos EUA, onde a TV 3.0 já tem dois anos, ainda não conseguiram grande adesão. Está sendo um processo mais lento até que no começo da HDTV. E certamente a situação financeira do Brasil, com o real tão desvalorizado, não ajuda em nada. Valeu pela msg. Feliz 2025!

  • Olá Orlando, agradeço-lhe pelos votos, desejo Um Feliz 2025, excelente CES 2025, que possa nos presentear com esse ecossistema de novidades. Abs.

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Orlando Barrozo

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