Nesta 3a feira, estivemos na sede da Globo, na Barra da Tijuca, para acompanhar a primeira demonstração da TV 3.0 brasileira. A emissora reuniu um grupo de jornalistas no edifício-sede da área de tecnologia do grupo, onde nestas duas semanas funciona também a central de cobertura da Olimpíada de Paris. Cenário ideal para conhecer melhor o potencial do novo padrão brasileiro de TV digital aberta, que deve entrar em operação em 2025.
Temos acompanhado esse processo desde o início (vejam este post de 2021), e agora pudemos ver na prática (ou seja, nas telas) a concretização de que tudo – ou quase tudo – que aprendemos na teoria desde o lançamento da TV HD, no já longínquo ano de 2007. A TV 3.0 proposta pela Globo não é, claro, a definitiva. Mas baseia-se na estrutura recomendada em julho pelo Fórum SBTVD, onde houve unanimidade dos votos de todos os setores ali representados (aqui, os detalhes). Por isso, acreditamos que as principais emissoras seguirão pelo mesmo caminho.
Como já comentamos em outros posts, a TV 3.0 terá uma UI (interface de usuário) muito parecida com a das plataformas de streaming atuais. O telespectador não verá em sua tela os tradicionais “canais de TV”, mas ícones de aplicativos – na prática, cada emissora terá o seu app, que poderá ser desmembrado em outros apps; estes já virão instalados nos receptores, pois serão parte integrante do padrão 3.0. Nem será necessário baixá-los como se faz hoje, e as atualizações serão automáticas, dependendo da estratégia de cada emissora.
As demos da Globo foram feitas usando TVs de três marcas (Samsung, LG e Hisense), cada uma com seu sistema operacional, mostrando que a TV 3.0 rodará bem com todos eles. Mas como isso será implantado é algo ainda em discussão dentro do Fórum. Sabe-se que a partir de 2025 começarão a ser vendidas TVs compatíveis com o novo sistema, que exige chipsets mais avançados que os atuais. Mas há a ideia de se produzir também adaptadores (set-top box), permitindo o acesso de pelo menos parte dos recursos em TVs atuais. Uma das exigências do padrão é a inclusão de antenas internas, para permitir a recepção do sinal pelo ar, combinado com o da banda larga.
Interatividade expandida e modelos de negócio
Um aspecto essencial da TV 3.0 é expandir as possibilidades da interatividade. Seja em esportes, novelas, séries, shows, realities e grandes eventos como as Olimpíadas, o telespectador usará ícones que entregarão estatísticas, vídeos complementares ao conteúdo assistido, enquetes e ofertas de compra de produtos relacionados. Alguns desses serviços já são usados hoje, com sucesso, por algumas emissoras através do recurso DTV Play embutido em aparelhos produzidos a partir de 2022.
Apenas um dado divulgado pela Globo: na 2a feira, quando Rebeca disputava no solo com Simone Biles, uma audiência gigantesca acompanhava pela TV aberta; assim que foi confirmada a medalha de ouro para a brasileira, o Globoplay, streaming da emissora que distribui o sinal do SporTV, explodiu em acessos que consumiram grande parte da capacidade instalada do app. Foi um exemplo atualíssimo do que tende a acontecer com frequência no ambiente 3.0: a tão comentada integração B+B (Broadcast+Broadband).
Segundo Raymundo Barros, presidente do Fórum SBTVD, o desafio da TV brasileira nem é mais tecnológico, e sim de modelo de negócio. A questão é como financiar essas inovações todas, considerando os investimentos que emissoras e plataformas terão de fazer em equipamentos, software e capacitação de seus profissionais. “Para o consumidor, a TV aberta sempre será gratuita. Para as empresas, oferecerá novos formatos de publicidade segmentados por tipo de público, região etc. e com métricas mais eficientes que as de hoje”.
Sobre esse desafio, estratégico para o êxito da TV 3.0, comentaremos em detalhe nos próximos posts.
E ai Senhor Orlando .
Como ficamos comprando digamos este ano os televisores ?
Como informa a matéria acima ” Sabe-se que a partir de 2025 começarão a ser vendidas TVs compatíveis com o novo sistema, que exige chipsets mais avançados que os atuais. ” . Saberia me informar amigo ? Ai ai será melhor esperar até o ano que vem para comprar um novo televisor ? Ai lascou rsr ….
Olá José Carlos, tudo isso é previsão, nada confirmado. Então, se vc precisa trocar de TV agora, acho melhor não ficar esperando… abs
Você pode ter o último lançamento de TV ou automóvel. Amanhã já estará defasado. Tudo certo enquanto aceitamos o avanço da tecnologia, mas não quando o consumidor tem que desembolsar na compra de algum equipamento para que sua última aquisição possa funcionar com o “novo” lançamento.
É lamentável que os grupos de mídia, que sempre dominaram, continuem a ditar as regras do jogo.
Eu escolheria uma hardware em que pudesse instalar apenas os serviços de streaming que me interessam. Mas é péssimo ver plataformas usadas como a Google TV ou o novo Streamer, a Fire TV ou quaisquer outros nos entupirem de propagandas e anúncios. Com a TV 3.0 teremos isso ainda mais escrachado.