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Set-top-box: quem dá menos?

A empresa chinesa AOC, um dos maiores fabricantes de displays do mundo e com bilhões para investir em países emergentes, anunciou na semana passada – leia o texto – que desistiu de fabricar aqui seus conversores para TV Digital (os chamados set-top-box). E deu nome a quem de direito: as seguidas declarações do ministro Helio Costa, defendendo que o aparelho não pode custar mais do que R$ 200 (quando todo mundo na indústria – e as pessoas sérias do governo – sabe que isso é impossível), tornam impraticável um investimento desse porte.

A AOC já produz um receptor digital para aparelhos móveis, mas não vai mais se arriscar a produzir um conversor para TV. “O ministro pediu para o consumidor esperar a queda de preços para depois comprar”, foi a justificativa. Pois é, o ministro veio com essa história na época do lançamento da TV Digital, voltou a tocar no assunto uma ou duas vezes, e acabou – pelo visto – recolhendo-se a sua real insignificância. Mas nenhum investidor sério entra nessa, a menos que tenha muito (mas muito mesmo) incentivo, como parece ser o caso da paranaense Positivo, que é hoje a maior fornecedora de aparelhos eletrônicos ao governo federal.

Com receio de ser repetitivo, lembro que um set-top-box é quase um computador. Possui memória interna, processador, clock, dissipador de calor, placa de vídeo etc.; ao contrário do que muitos imaginam, não é uma mera “caixinha”. A Philips, por exemplo, levou dois anos para desenvolver o seu modelo, e acredito que os demais fabricantes também (pelo menos aqueles cujos produtos não travam). Este, aliás, é outro detalhe importante na história: todo computador trava, como sabe bem qualquer pessoa acostumada a trabalhar num. Pois o conversor não pode travar exatamente na hora do jogo final do campeonato, ou no meio do capítulo da novela, certo?

Daí porque um produto assim tem mesmo custo alto. O custo da confiabilidade. Para entender um pouco mais, sugiro este link.

Uma breve repassada em lojas virtuais constata que existem no mercado no máximo quatro marcas de conversores para TV Digital: Positivo, Philips, Semp Toshiba e Sony, sendo que este último só funciona com TVs da mesma marca; Aiko e Gradiente também lançaram, mas pelo visto os estoques acabaram; encontrei ainda um modelo da marca Cromus, da qual nunca ouvi falar, anunciado no Mercado Livre como “última peça”, por R$ 609. Mas, convenhamos: dá para confiar num produto que é anunciado dessa forma?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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