Medalha de ouro em ufanismo

Sei que não vou contar nenhuma novidade. Mais uma vez, a mídia brasileira dá um show de ufanismo na cobertura de um grande evento esportivo. Não vi muito da Olimpíada, por falta de tempo, mas o que vi já me bastou. Não apenas a Globo, mas todas as emissoras, inclusive as fechadas, usam e abusam das frases feitas ao estilo “vamos lá Brasil”. E dá-lhe falta de informação.

Neste domingo, assistindo à competição de ginástica, tive que ouvir a apresentadora do SporTV, Vanessa Riche, repetir várias vezes que a equipe brasileira estava “tranqüila”. Como que para desmenti-la de propósito, três das meninas tiveram quedas em seus exercícios. Três no mesmo dia! Deu para perceber, mesmo sem ser expert em ginástica, que as brasileiras são bem treinadas. Mas é evidente que estavam nervosas, até porque isso é natural na estréia numa grande competição como essa. Pior foi ter de ouvir a apresentadora repetir a cada exercício: “Vamos lá, fulana, o Brasil está com você”.

Pra quê isso? Será que a moça e seus editores acham que frases assim vão influenciar no desempenho das atletas? Ou que alguém aqui no Brasil tem o poder de fazer chegar fluidos de otimismo até a China? Vi coisas parecidas também na ESPN e na Band, sem falar da própria Globo, que costumeiramente faz do ufanismo palavra de ordem. Podíamos passar sem isso.

Aliás, descobri uma bela maneira de fugir do ufanismo idiota: sintonizar o canal 502 da Net, que só tem programação em alta definição. Ver ali a Olimpíada, ou qualquer evento esportivo, é uma delícia: você pode simplesmente cortar a narração e ficar admirando as imagens em HD. Não é uma ótima solução? Tomara que outras emissoras copiem.