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Interatividade: a aposta da Globo

Conversei ontem com Raimundo Barros, diretor da área técnica da Rede Globo/SP e um dos responsáveis pelos testes que a emissora vem fazendo, desde o ano passado, para o lançamento de serviços interativos. Segundo ele, se hoje fosse lançado um modem compatível com o middleware Ginga, a Globo teria condições de colocar no ar esses serviços imediatamente. Aliás, vários deles estão indo ao ar, por exemplo, na novela Caminho das Índias, só que ninguém no País possui o receptor compatível para acessá-los.

Como se sabe, o projeto Ginga continua dependente de uma regulamentação por parte da Anatel. Que, por sua vez, depende de um acordo quanto ao pagamento de royalties à empresa americana Sun Microsystems, dona do software Java, que serve de base ao Ginga. O pessoal do Fórum SBTVD garante que está “tudo certo”, mas já ouvi de fontes do mercado que o buraco é mais embaixo. E é fácil de entender: tudo se resume a “quem vai pagar a conta”. As emissoras? Dificilmente, pois acham que produzir os modems e colocá-los à venda é obrigação dos fabricantes de equipamentos. Estes, de seu lado, não enxergam margem de lucro num produto que o próprio ministro das Comunicações colocou abaixo de lixo quando disse que um conversor digital com interatividade não poderia custar mais de R$ 200. Subsídio do governo? Nem pensar, até porque esse é o tipo de produto que não rende votos.

Executivo de uma fábrica nacional me disse que, para produzir um conversor com Ginga com um mínimo de qualidade, e pagando todos os impostos, qualquer empresa vai gastar pelo menos R$ 400. Como então vender por R$ 200 (e ainda mais pagando royalties)? Quem decifrará esse enigma?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Olá Orlando

    Apenas uma correção: A norma Ginga está concluida harmonizando os interesses dos radiodifusores e da industria de receptores. A parte NCL já cumpriu todo o ciclo formal. A parte Java apesar de concluida está seguindo o processo formal na etapa de consulta publica que deve se encerrar em Julho quando então sua publicação será validada

  • Por volta dos anos 70,me formei em técnico de telecomunicações,trabalhava na linha de montagem dos primeiros telefones teclados do Brasil(os teclados eram da ITT de New York).
    Tudo funcionava perfeitamente,nossa tv,nossos
    rádios,e por aí...hoje temos tanta tecnologia,
    e nada funciona plenamente.É só sair das capitais.Nem componentes eletrônicos conseguimos comprar mais...não fabricamos mais e não montamos,só importamos.
    Simplesmente daqui algum tempo não teremos
    nem rádios e nem tvs.E sim, torres abandonadas por este Brasil a fora.

  • Prezado Senhor Orlando Barrozo, bom dia.

    Era só o que faltava obrigar as organizações Globo (sobre tudo a Rede Globo de telvisão) a fabricar set top box de tv digital aberta.

    Ado a ado cado um no seu quadrado. Já diria aquele refrão. O que senhor Lorival Kiçula (presidente da ELETROS) quer da vida afinal de contas? Cabe as emissoras transmitir o conteúdo digital televisivo e a industria de eletro eletrônicos a fabricação com a capacidade de receptar o mesmo. Este senhor já tentou uma vez sabotar a TV digital aberta brasileira. Em 2007 planejava fazer um lobby para convercer o presidente Lula adiar o lançamento da mesma. Mais esqueceram de combinar com a Samsung. A companhia sul coreana demonstrou em seu espaço comercial que haveria tempo hábil para colocar os set top box a venda no mercado. Deixou o presidente da ELETROS com a cara no chão.

    Agora vem este senhor com historinhas carocnhinha de novo. Cadeia para este homem.

    Alem do mais é só falar a verdade e dizer que os futuros convesores com Ginga não podem custar o mesmo que os convesores sem (os ditos zaper). O mercado consumidor e senhor de si não precisa de paternalismo barato.

    Desde já muito obrigado pela atenção dispesada.

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Orlando Barrozo

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