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HD da TVA em suspenso

Numa medida sábia, a operadora TVA suspendeu as vendas de seu serviço de alta definição, alegando que não está dando conta dos pedidos. “Os estoques estão esgotados”, explica a empresa. Provavelmente inspirou-se nos problemas de sua parceira, a Telefonica, que atribui as já célebres panes do Speedy ao “excesso de demanda”. Se for isso, faz muito bem a TVA. Afinal, melhor não vender do que enganar o consumidor com planos mirabolantes e irreais.

Mas o episódio é mais um que merece análise profunda por parte dos especialistas, órgãos sérios do governo e todo mundo que realmente quer ver o País evoluir. Cada vez fica mais clara a falta de infraestrutura que permita atender a serviços básicos da população. Na área de tecnologia, esse problema é gritante (e não estou falando apenas da Telefonica). Os arquivos dos Procons estão repletos de queixas contra concessionárias de telefonia (celular e fixa), energia e TV por assinatura, sem contar os casos em que as reclamações nem chegam aos órgãos de defesa do consumidor porque os usuários acham que não adianta.

Parte das falhas pode ser atribuída, sem dúvida, aos processos de privatização, que na área de telecomunicações foram muito mal conduzidos. Mas só parte. O grande problema é a falta de uma política séria para o setor, com metas e regras claras, estímulo ao investimento e fiscalização rigorosa. Acabo de ler no site Pay-TV, por exemplo, que o Tribunal de Contas da União flagrou o uso de R$ 2,1 bilhões (isso mesmo: BILHÕES) tirados do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para pagamento da dívida pública. Uma ilegalidade total: pela lei, o dinheiro arrecadado para o fundo – que você pode ver todo mês na sua conta telefônica – só pode ser usado para projetos de telecomunicações (aliás, como diz o próprio nome do Fundo).

Pior: ilegalidade cometida pelo próprio presidente da República, que em 11 de setembro do ano passado assinou decreto autorizando o ato. A lei? Ora, a lei, devem raciocinar lá no Planalto. Serviço público? Ora, o serviço público… Será que essa descoberta do TCU terá alguma conseqüência? Vamos ver.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Exemplo claro disso é a operadora sky, que depois que entrou com o serviço HD, parece ter aumentado ainda mais a compressão dos outros canais fazendo com que o que era ruim ficasse no nível do péssimo. Nos fóruns de tv por assinatura já se comenta direto sobre isso. Se não há ninguém - a não ser a própria empresa - para fazer um controle de qualidade do serviço (principalmente no quesito imagens), o que fazer?

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