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Pirataria é igual a carro?

Leio na Folha Online que a empresa paranaense Cadari Tecnologia da Informação foi condenada por vender o software de compartilhamento de arquivos P2P K-Lite Nitro. É mais um dos milhares de programas que não contêm filtros anti-pirataria e, portanto, permitem a reprodução infinita de arquivos teoricamente protegidos por direitos autorais. As autoras da ação foram as cinco maiores gravadoras de discos em atividade no País: EMI, Sony, Warner, Som Livre e Universal, representadas pela APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música). A Justiça do Paraná considerou que elas vêm sendo “violadas de forma maciça e constante”.

É a primeira decisão desse tipo no Brasil, referente a um software P2P. Provavelmente não será a última, considerando que as gravadoras e as distribuidoras de filmes estão hoje mais organizadas do que nunca para combater a pirataria – a propósito, vale a pena ler a reportagem da Folha Informática, publicada meses atrás, sobre como age o que o jornal chama de “esquadrão caça-pirata”. A APCM agora trabalha em conjunto com a MPAA (Motion Picture Association of America), que tem longa experiência no combate à pirataria ao redor do mundo.

Há quem diga que esse tipo de ação é inútil, já que a pirataria – assim como a corrupção e o tráfico de drogas – é impossível de eliminar totalmente. É um argumento. Agora, bem diferente foi a defesa do sr. Luciano Cadari, dono da tal empresa paranaense, ao comparar seu software pirateiro com MSN, Skype e os programas comuns de e-mails. Todos, diz ele, servem para as pessoas trocarem informações e arquivos. “Carro é o que mais mata no mundo e não é proibido. É uma questão de educação sobre o uso de ferramentas”.

Conclusão: dirigir um carro é o mesmo que distribuir produtos piratas! Ora, ora, a cara-de-pau das pessoas parece que não tem limites…

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Orlando,
    Concordo plenamente com o ponto de vista do Sr. Luciano Cadari. Não se pode proibir a venda de facas simplesmente porque elas podem ser utilizadas para matar ou ferir, assim como não se podem proibir as vendas de telefones porque estes podem ser utilizados para trotes.
    No meu trabalho eu utilizo muito intensamente a troca de arquivos legais pela internet, uma ferramenta valiosíssima que a tecnologia nos disponibilizou. Não faz sentido culpar a empresa que desnevolveu a ferramenta para a troca de arquivos, da mesmíssima forma que não faz sentido culpar a faca pela ferida, o telefone pelo trote ou o carro pela morte na estrada.
    Vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico - e muitas tecnologias podem eventualmente ser utilizadas para o mal. O culpado é o homem, não a ferramenta.
    Abraço,
    *

    • Caro Luciano, concordo que o culpado é o homem. E naturalmente não defendo a proibição de coisa alguma. Mas isso é bem diferente de vender um produto sem restrição contra cópias ilegais, certo? Duvido que o sr. Cadari aceitasse que seu software fosse copiado e distribuído à vontade por aí, sem que ele ganhasse nada. É esse o ponto: roubar - e faturar - com os direitos dos outros é fácil. Eu não quero que meus conteúdos sejam roubados, por isso não roubo nada de ninguém. Grande abraço. Orlando

  • "dirigir um carro é o mesmo que distribuir produtos piratas! "

    Sinceramente este tipo de comparação feita pelas empresas de entretenimento foi no mínimo idiota e apelativa. Muitas vezes a campanha que seria no mínimo diminuir o problema só faz é alimentar o tal. Acredito que dessa forma ela tenha se expressado muito mal em ter insultado todos os usuários de automóveis.
    Aí depois virá o efeito colateral.

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Orlando Barrozo

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