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Surpresa no teste dos LCDs

O site DisplayMate, um dos melhores que conheço na área de vídeo e projeção, foi fundo numa reavaliação da tecnologia LCD, tendo como parâmetro os TVs top de linha dos principais fabricantes atuais. E chegou a algumas conclusões surpreendentes. Richard Soneira, fundador do site e uma das maiores autoridades do mundo em matéria de displays, garante que, ao contrário do que se pensa, especificações como tempo de resposta e taxa de renovação da imagem (refresh rate) não são importantes para definir a qualidade de um TV. Depois de fazer centenas de testes, com os mais variados tipos de conteúdo (o chamado “shoot-out”), Soneira e sua equipe chegaram à conclusão de que os números divulgados pela maioria dos fabricantes não devem ser levados em consideração, pois não se baseiam em critérios definidos. Em outras palavras, cada um faz a medição como quer e divulga o que lhe parece mais conveniente.

Na verdade, essa suspeita já existia entre especialistas de várias publicações especializadas internacionais. Mesmo em nossa equipe já tínhamos levantado dúvidas a respeito, nos artigos 60Hz? 120Hz? Por que isso é importante e Tempo de resposta: o segredo dos LCDs. Mas ninguém até agora havia feito o teste prático para provar a tese. Vejam algumas das conclusões do DisplayMate:

*O tempo de resposta dos TVs LCD não é calculado com métodos científicos. Prova disso é que não houve diferenças significativas nas comparações entre os aparelhos analisados, utilizando cenas em movimento. Na teoria, o tempo de resposta mais baixo seria uma forma de melhorar a reprodução dessas cenas, evitando o chamado motion blur, nome técnico dado àqueles borrões visíveis, por exemplo, em corridas de automóveis. Segundo Soneira, isso foi no começo da evolução da tecnologia LCD (vejam o exemplo nas fotos). Hoje, não mais. Foram detectados vários episódios de motion blur em laboratório, usando sinais de teste padrão, com o tempo de resposta atingindo a marca de 40 milisegundos, quando o fabricante especificava 2ms. Mas, ao colocar os TVs para reproduzir imagens do dia-a-dia (filmes de ação, jogos, corridas, desenhos) não se constatou qualquer problema nos mesmos TVs. Conclusão: o consumidor não precisa se preocupar com o tempo de resposta.

*A taxa de renovação da imagem vem evoluindo nos TVs mais modernos, mas este também não é um detalhe que deva orientar a decisão de compra de um televisor, diz Soneira. Segundo ele, esse recurso foi desenvolvido pelos fabricantes para compensar, artificialmente, a dificuldade que o painel LCD tem para responder a transições de imagem muito rápidas. Em vídeo, trabalha-se sempre com uma determinada freqüência de sinal, que indica quantas vezes o painel fez a leitura de cada quadro. Essa freqüência é medida em hertz (Hz). Até bem pouco tempo atrás, trabalhava-se com 60Hz e ninguém reclamava. Com a popularização dos LCDs, e a constatação de que a reprodução de imagens em movimento era melhor nos plasmas, adotou-se a denominação “refresh rate” e partiu para ampliar a freqüência digitalmente. Muitos TVs já à venda no Brasil operam em 120Hz, ou seja, o dobro da freqüência dos modelos convencionais, e já estão chegando modelos com 240Hz. Nos testes práticos da DisplayMate, no entanto, nada disso influenciou na reprodução das imagens rápidas: independente da taxa de renovação, a qualidade foi a mesma. Conclusão: também não devemos dar muito peso a essa especificação.

Vejam o que diz nosso amigo Soneira, desmistificando a questão do motion blur e sua importância na avaliação de um display: “Com raras exceções, sempre que identificamos esse problema num sinal de vídeo constatamos que a falha era da fonte de sinal, e não do TV; ou então uma espécie de ´ilusão visual´, que desaparece rapidamente. Isso com certeza se deve ao modo como o cérebro processa a informação extraída de imagens dinâmicas, que por natureza são complexas. É muito fácil enxergar borrões quando você está olhando para várias imagens em constante movimento numa tela de TV”.

Dá para discordar?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • No meu ponto de vista, os fabricantes ainda não conseguiram superar as imagens das TV´s convencionáis, as chamadas CRT. As pessoas que possuem uma TV CRT High Definition 480i/480p/576i/576p/720p/1080i(HDTV)ainda estão muito bem servidos.
    As tv´s Plasma /LCD/LD possuem processadores para processamento de cores fixas ao passo que as de tubo o processamento é variável. Sendo variável, a imagem fica sem este efeito Motion Blur.

  • É... o mundo é dos "mais" espertos! E nós, meros mortais, o que podemos fazer? Agora, nem mais as especificações técnicas servem!
    A quem caberia a definição correta dos critérios técnicos? Governo? ABNT?
    Por enquanto fico como a minha Sony de tubo convencional mesmo.
    Enquanto essas dúvidas e problemas existirem, não troco de TV!

  • Gostaria, então, de saber para que servem na prática ( além de preços mais altos), "O tempo de resposta" e a "A taxa de renovação da imagem". Obrigado.

    • Caro Roberto, suas dúvidas estão respondidas nos dois artigos citados no texto. Abs. Orlando

  • A melhor imagem ainda eh a da TV de Tubo com pelo menos resolucao HDTV. Em seguida vem o TV de Plasma, que ateh o momento eh imbativel!!! Em funcao dos seu alto contraste,imagens em movimento e cores muitos mais naturas que qualquer LCD!!!!!Infelismente com o tempo os Plasmas podem se tornar o que foi o Betamax: superior ao VHS mas nao !vingou!!!

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Orlando Barrozo

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