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Como funciona o TV 21:9

A notícia do lançamento no Brasil do televisor Philips Cinema 21:9, confirmado pela empresa para o segundo semestre, excitou muitos leitores. E levantou uma série de dúvidas também. Vamos tentar aqui respondê-las, já deixando o espaço aberto para quem quiser outros esclarecimentos nos próximos posts. Importante ressaltar que todas as informações foram fornecidas pela própria empresa, por enquanto a única que fabrica esse tipo de TV, que é completamente diferente dos convencionais (este é o site do produto). Tive o privilégio de conhecer o aparelho de perto em fevereiro do ano passado, no lançamento oficial realizado em Portugal, e na época comentei aqui sobre o impacto causado. É realmente um espetáculo. Vejam este vídeo e leiam o comentário que fiz na ocasião.

Claro, não foi possível testar o aparelho (uma boa avaliação prática saiu no blog inglês Pocket-Lint, em julho). E, evidentemente, assim que pudermos por as mãos no bichinho iremos relatar aqui nossas impressões. Na semana passada, vimos em Barcelona uma nova versão, com imagens em 3D, que também havia sido exibida na IFA, em setembro. Como já comentei, são tantas novas tecnologias que é fácil se confundir. Mas, revendo o aparelho, tive a sensação de que mesmo sem 3D o Cinema 21:9 é um fenômeno de envolvimento e impacto visual. Mas vamos às principais dúvidas levantadas até agora:

Tamanho – O Cinema 21:9 naturalmente é mais retangular do que os outros TVs. Possui largura maior, seguindo a proporção das telas de cinema, daí a identificação “21:9” (os TVs comuns são de formato “16:9″). Já explico a difrerença em termos de imagem. Dimensões do modelo de 56”, por enquanto o único lançado pela Philips: 1.418mm de largura, 691mm de altura e 105mm de profundidade, com 31,9kg. Ou seja, você vai precisar de um nicho com mais de 1m50 no móvel da sua sala; ou então – solução ideal – pendurar o TV na parede, de preferência sem nada em torno dele. Detalhe importante é que o efeito Ambilight amplia (mesmo) a sensação de envolvimento, desde que a sala esteja com pouca luz; com a janela aberta, perde-se esse efeito.

Resolução – O TV da Philips trabalha numa resolução mais alta que os demais: 2.560×1.080 pixels. Fazendo a divisão entre esses dois números, chega-se à proporção de 2.37:1, que é a relação de aspecto (do inglês, “aspect ratio”) da tela de cinema. Ou seja, esse TV é ideal para reproduzir os filmes exatamente na proporção de tela em que foram concebidos. Filmes feitos para televisão são rodados de modo diferente.  Na transferência para DVD ou Blu-ray, o filme mantém a resolução e o formato originais (embora no Brasil estejamos acostumados a ver algumas distribuidoras alterarem o formato por conta própria). Em demonstrações feitas pela Philips com o TV Cinema 21:9, chegamos a ver filmes com proporção de tela mais estreita, deixando barras verticais nas laterais do TV. Ou seja, o aparelho respeita o formato original do filme. 

Qualidade de imagem – Pelas razões explicadas no item anterior, fica fácil deduzir que este não é um TV para qualquer ambiente, nem para qualquer conteúdo. Você precisa de uma sala grande e larga, e as vantagens só são mesmo observadas em filmes feitos no mesmo formato. Transmissões de televisão, por exemplo, continuarão sendo em 16:9, que é o formato-padrão da alta definição. É possível que alguma emissora leve ao ar, no futuro, programas especiais em formato 21:9, mas nesse caso quem tiver um TV convencional vai assistir a uma imagem “espremida”. O importante, aqui, é entender por que um fabricante decidiu investir num produto que certamente terá poucos compradores – apenas uma elite, que faz questão de ter sempre a melhor imagem possível. O formato 21:9 corresponde ao que normalmente vemos no cinema. As grandes produções de Hollywood hoje são realizadas dessa forma. A relação de aspecto em um filme como “Vicky Cristina Barcelona” (só para citar Woody Allen, um cineasta que é absolutamente rigoroso com esses detalhes) é de 2.40:1; outros filmes são rodados em proporção menor, como 2.39:1 e 2.35:1, e é assim que são exibidos nas salas de cinema. Quando saem em DVD ou Blu-ray, precisam ser reformatados para caber numa tela de 16:9, como são todos os TVs de plasma e LCD. E há duas maneiras de fazer isso: comprimindo os pixels ou cortando as laterais da imagem. Há televisores 16:9 que o fazem melhor do que outros, usando processadores de alto padrão. A vantagem do TV Cinema 21:9 é poder reproduzir esses filmes em sua integridade, sem ter que alterar nada.

Televisão aberta e fechada – A essa altura, o leitor já deve ter percebido que o novo TV Philips não é adequado para se assistir a programas de televisão convencional. Imagens que não sejam HD certamente ficarão ruins nessa tela, dada a diferença de resolução. E com formato 4:3 (o chamado “tela cheia”) irão aparecer incômodas barras laterais ocupando praticamente metade da tela 21:9.

Como se vê, é mesmo um TV para poucos.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Para mim é irritante, sempre a fazerem modelos diferentes. Eu comprei um televisor, há muito pouco tempo, uma 49, LG, 4K, mas já tenho visto em grande quantidade filmes 21:9, sei que este modelo poderá abranger mais imagem em largura, mas o que se torna patético, para além de não gostar deste modelo, é o fato de aparecer às vezes uma figura, ou a cara de uma pessoa, para quê esta largura toda? Quem sabe se daqui a alguns anos não será ainda o 30:9. Isto é ridículo, e se comprei uma televisão do tamanho que têm, é para ver todo o ecrã. Isto não é uma falta de respeito, ou querer impor esta maçada às pessoas com esta porcaria de barras pretas. Então, compro um televisor grande, mas é como tenha um televisor pequeno. Quanto a televisão, Já vi um comentário, que a televisão também ainda vai mudar um dia para 21:9, então aparece uma pessoa a dizer noticias, para quê tanta largura, só para se ver cabeças. Estes cineastas não sabem o que é que querem. Mas o pior é que eles impõe contra a vontade e só temos que aceitar. É como dizer: toma lá e só tens que aceitar. Até a publicidade já vêm com esta maçada de barras pretas, 21:9 Revoltante!

  • Curioso como a industria precisa (e muito) criar novos formatos. Isto sempre induz a novas demandas e alavanca as vendas, mostrando as virtudes e omitindo os "inconvenientes".

    Compara TVs no formato 16:9 com Tvs 21:09 de mesma altura é, no mínimo, forçar a barra. A correta relação seria entre Tvs de mesmo tamanho em polegadas. Uma 42 polegas 16:9 vs um 42 polegadas 21:9. Isto, no entanto, revelaria para o consumidor o que deveria ser óbvio, que esta pagando mais caro por uma TV menor.

    Melhor comprar um Tv no formato convencional maior e provavelmente ainda pagando menos. As tarjas pretas estarão lá durante a exibição do filme, mas o formato/tamanho do mesmo estará preservado. No fim para todas as outras utilizações a TV terá uma tela maior e mais de acordo com a visão humana (16:9).

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Orlando Barrozo

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