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Brincando de banda larga

Na última hora, o governo decidiu retirar do chamado PAC 2 (aquela coleção de idéias que no futuro, talvez, podem se transformar em projetos) o Plano Nacional de Banda Larga. Estava tudo pronto para isso, mas perceberam que os números disponíveis não são confiáveis: ninguém no governo tem a menor idéia de quanto irá custar essa brincadeira. Na prática, não faz diferença porque ambos (PAC e PNBL) são obras de ficção. Ao ver os dados que lhe apresentaram, o presidente Lula parece ter desistido de encampar a banda larga como plataforma de campanha, no que mais uma vez foi sábio.

Nos bastidores do Palácio do Planalto e dos ministérios, essa desistência aparentemente teve o efeito de acalmar os ânimos entre os grupos que pretendiam tomar conta do PNBL. Nesta segunda-feira, quanto Lula reuniu 30 ministros e incontáveis bajuladores para o lançamento do PAC 2, uma ausência muito notada foi a de Helio Costa, que por ser das Comunicações deveria estar à frente de um projeto como esse (o PNBL, não o PAC). Costa fugiu da imprensa e mandou dizer que nada mais tem a declarar sobre o assunto, já que no final do ano passado entregou a Lula aquele calhamaço de quase 200 páginas com suas sugestões (que, na verdade, eram as das operadoras).

Lula também teve o voto contrário da área econômica para a reativação da Telebrás e, quando isso vazou para a imprensa, ficou difícil manter a idéia. O presidente poderia ser acusado de irresponsável se insistisse num plano que, segundo técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional, esbarra num detalhe prosaico: a quantidade de processos que correm na Justiça tendo a Telebrás como ré. Seria possível enumerar ainda as dívidas da ex-estatal, que pelas estimativas mais modestas rondam na casa dos R$ 300 milhões. No relatório que prepararam, os técnicos chegam a afirmar que para as finanças do País seria menos ruinoso criar uma nova estatal do que reativar a antiga – mais ou menos o que dissemos aqui tempos atrás.

Vejam como se brinca com o dinheiro público neste País: será que nenhum dos assessores de Lula envolvidos no PNBL levantou esses detalhes antes?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Não acho que tenha sido brincadeira. Com as afirmações de Lula ( O Grande não sei o quê)as ações da Telebrás subiram, no seu governo (sic), mais de 38.000%!!!!! Isso mesmo. Com a queda nos últimos dias pelas constantes contestações dentro do próprio governo cairam mais de 50% mas, ainda assim, valorizaram-se mais de 16.000%!!! A turma do Lula está envolvida nisso. Não pense, portanto, caro Barrozo, que foi ato impensado e irresponsável do Lula insistindo com a reativação da Telebrás.O José Dirceu, por exemplo, não acha....

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