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Futebol em 3D? Nem sempre…

Acabo de chegar de uma sessão de futebol em 3D HD, em que assistimos ao jogo Espanha x Alemanha. Já tinha visto demonstrações com material gravado, em vários eventos, e também uma transmissão ao vivo, duas semanas atrás, em Nova York. Mas sempre com TVs; agora, vi numa tela de cinema, o que naturalmente faz muita diferença. O impacto é maior, assim como o envolvimento, pois você fica ali durante os 90 minutos, concentrado nos lances. É bem diferente de ver um jogo em casa, mesmo que seja numa tela de 70 ou 80 polegadas.

Mas deu para notar alguns detalhes, que acho interessante repassar ao leitor. Até porque a maioria dos especialistas diz que a TV 3D terá no esporte um de seus grandes atrativos. Será mesmo? Antes de dar meus palpites, recomendo a leitura deste artigo, que esclarece muita coisa sobre o assunto.

1.Talvez futebol não seja o tipo de conteúdo mais recomendado para ver em 3D. A maioria das tomadas é aberta, com a câmera captando o campo inteiro ou uma boa parte dele. Nesses casos, o efeito tridimensional se perde um pouco; não se tem a sensação de profundidade da imagem real.

2.Já nas tomadas mais próximas, o efeito é impressionante. Percebem-se detalhes que na transmissão normal passam desapercebidos. E a noção de profundidade é muito mais nítida, com as imagens ao fundo sempre presentes.

3.Quando a câmera está no nível do gramado, você se sente de fato como se estivesse dentro do campo. Melhora incrivelmente a perspectiva da distância entre os jogadores, e entre estes e o público. Houve um lance da partida em que o jogador alemão foi cobrar um lateral e tivemos a impressão de que ele estava saindo da tela… Na hora, me lembrei do filme “A Rosa Púrpura do Cairo”, de Woody Allen, em que os atores fazem exatamente isso: saem da tela do cinema. Brilhante.

4.Outro ângulo interessante é aquela tradicional tomada com a câmera no meio da torcida. Com o som surround 5.1 captando o ambiente, a sensação é de estar, mesmo, no estádio.

5.Fica claro que, para transmitir um jogo de futebol em 3D, um dos segredos está em saber posicionar a câmera. Na Copa, segundo a Fifa, há oito delas no gramado, coisa que dificilmente acontecerá em outras competições. Com a câmera portátil, o operador precisa ter quase tanta agilidade quanto os jogadores.

6.Já os travellings – movimentos laterais da câmera, para acompanhar um jogador em velocidade, por exemplo – perdem muito do seu impacto em 3D. Imagino que isso se deva ao processamento do sinal, que precisa acontecer numa rapidez muito maior (pelo menos o dobro) do que numa transmissão 2D. Os tais borrões (blur) dos TVs LCD são inevitáveis, mesmo numa tela de cinema. Isso explica também o fato de a maioria dos TVs 3D que estão sendo lançados terem atualização de 240Hz ou mais. Esse recurso pode amenizar o problema.

Por fim, a conclusão é que, para quem gosta de futebol, nada como assistir em casa, junto com os amigos (não muitos, de preferência). Se for em 3D, ótimo. Mas não os 90 minutos.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Caro Orlando,
    O problema em travelings ou quando tem objetos com
    movimentos rápidos, em forma independente da velocidade de resposta da
    tela,também tem muito a ver com o sistema de compressão da imagem, e se
    torna muito evidente em telas de cinema, por causa do grande angulo e
    detalhe percebido. Em geral, os MPEG´s incluindo o H264 interframe
    reproduzem imagens que pulam ou se tornam borrosas em telas grandes
    quando a velocidade angular aumenta. Por esse motivo, o JPEG2000, o
    sistema de compressão do cinema digital DCI, utiliza compressão intraframe,
    isto é, comprime dentro do frame, independente dos frames anteriores. No
    caso do 3 D, se acrecenta o problema que você percebeu, por causa da falta
    de coherência temporal entre as imagens dos olhos esquerdo e direito.
    Parabéns pelo blog, excelente !
    Abraço,

    Carlos KLachquin

    • Caro Carlos, obrigado pelos esclarecimentos. É sempre bom saber que existem leitores atentos e bem informados. Abs. Orlando

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Orlando Barrozo

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