Ainda a questão da mão-de-obra

“Quer trabalhar no mercado de luxo? Aprenda a falar português”. Este é o título de um artigo de Fernando Scheller, publicado no Estadão, que trata da eterna questão da falta de mão-de-obra qualificada no Brasil. No caso, refere-se aos segmentos que atendem à classe A. Uma pesquisa da empresa Human Trace detectou que 75% das empresas desses setores apontam como principal dificuldade na contratação de pessoal a questão de não saberem se expressar no próprio idioma. Incrível, não? Numa época em que muitas empresas já exigem um idioma estrangeiro, as pessoas sequer estão preparadas para falar… português!!!

O artigo me fez lembrar que tempos atrás escrevi aqui sobre a carência de profissionais especializados no setor de tecnologia, algo que parece estar se agravando, a levar em conta o que se comenta entre empresários da área. E me lembrou também do grande professor e sociólogo José Pastore, que há décadas estuda a relação entre trabalho e educação. Como tratamos aqui de tecnologia, é impossível fugir da ligação entre esses assuntos. A pesquisa citada acima trata dos segmentos chamados “de luxo”, mas seus resultados podem perfeitamente ser estendidos ao setor de tecnologia, entre eles o de eletrônicos. E, como bem diz o prof. Pastore neste artigo, tudo começa na falta de educação básica.

Fui encontrar num outro artigo de Pastore, escrito em 1.999, um estudo indicando que 50% dos brasileiros em condições de trabalhar não chegaram a concluir o curso primário. Vejam bem: 1.999. Agora, ele conta de uma pesquisa recente em que esse número é o mesmo. Ou seja, em dez anos, os trabalhadores brasileiros não evoluíram nada em termos de educação básica. Realmente, é de chorar!