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Quem quer um emprego desses?

Deve ser coincidência. Duas das maiores corporações do setor de tecnologia – a americana IBM e a finlandesa Nokia – estão à procura de um CEO. Coisa pouca, algo aí em torno de 1 milhão de dólares por mês. Os dois atuais – respectivamente, Samuel Palmisano e Olli-Pekka Kallasvuo – estão de saída. Sem dúvida, é constrangedor. Mas, como é comum nesse nível de executivo, as perdas são fáceis de esquecer. Cada um leva compensações da ordem das dezenas de milhões, e vão ficar felizes em alguma praia deserta.

Só para recapitular: CEO (Chief Executive Officer), nas grandes empresas, é quem manda prender e manda soltar. Escolhido pelos acionistas, é o homem encarregado de dirigir os outros executivos, definir as estratégias de longo prazo e garantir bons resultados. E, claro, responde também quando os números não são os esperados. No caso da IBM, baseio-me no que diz o The Wall Street Journal: Palmisano não está oficialmente deixando o cargo, mas os números de vendas não estão agradando. Quatro novos vice-presidentes foram nomeados esta semana, e em Wall Street o comentário é de que um deles irá herdar o cargo de chefão.

Já a situação da Nokia é bem diferente. Maior fabricante de celulares do mundo, a empresa patina numa área que é crucial, a inovação. E aí é preciso entender como funciona essa máquina diabólica que engole empresas e executivos, chamada mercado. Com 40% das vendas mundiais, a Nokia teria tudo para dormir tranqüila. Mas não é o que ocorre quando se tem concorrentes como Apple e Google, duas das empresas mais inovadoras e agressivas de todos os tempos. Vejam estes números, também tirados do WSJ: no último trimestre de 2009, a Nokia vendeu 108,5 milhões de celulares, enquanto a Apple vendeu 7,4 milhões. No entanto, nos mesmos três meses, a empresa da maçã teve lucro de US$ 1,6 bilhão, enquanto a finlandesa ficou com “apenas” US$ 1,1 bi. Apenas!!!

É isso. A Nokia vende mais aparelhos de baixo custo e, sem inovar, corre o risco de perder mercado nos próximos anos. Por isso é que o sr. Kallasvuo está ameaçado. Alguém se candidata?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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