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TV 3D e o nosso cérebro

Estive ontem no Congresso da SET, participando de um seminário intitulado “3D na Casa do Consumidor”. Foi ótimo não apenas ouvir especialistas no assunto, mas também trocar ideias com os profissionais que assistiram ao encontro, um dos muitos que fazem parte do evento – aliás, temos ainda mais dois dias de Congresso, e recomendo a todos que trabalham na área.

Interessante descobrir, por exemplo, que tanto as emissoras (no caso, representadas por Gustavo Marra, da área de tecnologia da Globo) quanto os fabricantes (estava presente Lucio Pereira, da Sony) concordam que os excessos podem prejudicar a experiência 3D. Explico: os efeitos do tipo “pop-up”, em que personagens e objetos parecem sair da tela, são muito legais por alguns minutos, mas quando repetidos várias vezes acabam cansando o espectador. Por outro lado, a sensação de profundidade proporcionada por uma boa gravação em 3D é extremamente envolvente, a ponto de fazê-lo sentir-se mesmo “dentro” da ação.

Como se sabe, as projeções 3D exigem muito do cérebro, que precisa processar duas imagens simultâneas. Quando, além disso, partes da imagem se movimentam na direção do espectador como se fossem cair sobre sua cabeça, o esforço cerebral é ainda maior. Como o efeito tridimensional é obtido a partir da geração de várias camadas de imagem, que são sobrepostas para dar a sensação de profundidade (que é como o olho humano enxerga as imagens reais), não há necessidade de exagerar nos pop-ups – até porque, na vida real, ninguém pula para cima de você o tempo todo, certo? Como lembrou um dos participantes, Avatar – o filme de maior sucesso de todos os tempos – tem imagens de muita profundidade, mas praticamente nenhum pop-up.

Como curiosidade, lembro aqui uma historinha contada pelo Gustavo que arrancou risos da plateia. Referia-se ao executivo de uma empresa asiática que, diante da argumentação de que muitas pessoas sentem desconforto com as imagens em 3D, saiu-se com esta pérola: “É ótimo para elas, assim podem exercitar mais seus cérebros”.

Será que algum fabricante usaria esse argumento na propaganda de um TV 3D? De qualquer maneira, continuamos aprendendo muito sobre essa tecnologia fascinante. Em futuros posts, vou tentar passar aqui mais detalhes.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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