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Na era do “sem conserto”

Recebo via e-mail um desabafo do amigo Paulo Sgambatti, veterano em projetos de áudio, vídeo e automação, sobre reportagem do site americano CNet. Dan Ackerman, editor do site, enfrentou em novembro passado um problema que já deve ter atingido 99,99% dos consumidores: seu plasma Samsung de 42″, com cinco anos de vida, simplesmente apagou! Em vez de recorrer a uma assistência técnica, Ackerman decidiu por uma solução literalmente doméstica: desmontar o aparelho e consertá-lo por sua conta e risco. Munido de chave-de-fenda e outras ferramentas triviais, lá foi ele desparafusar os painéis e testar isso e aquilo, até encontrar o defeito (falha numa placa interna, que precisou ser trocada). Com alguns conhecimentos em eletrônica e uma boa pesquisa na internet, Ackerman (foto) conseguiu reaver o plasma que, como ele mesmo diz, “parecia morto”.

Evidentemente, Ackerman não é um consumidor comum – e não recomendo que um consumidor comum siga o seu exemplo, embora ele diga no texto que “tudo é possível com uma boa chave-de-fenda”. Mas a história, que pode ser lida aqui, serve para ilustrar estes tempos descartáveis em que nada parece ter conserto. Na maioria das vezes, prefere-se jogar fora o aparelho e comprar um novo. Várias oficinas especializadas queixam-se do excesso de lixo eletrônico, consequência do hábito disseminado entre os usuários: mandam o produto para conserto e quando recebem o orçamento simplesmente não aparecem mais para buscá-lo.

Sim, no Brasil, diferentemente dos EUA, enfrentamos um crônico problema de falta de peças, o que também influi nesse comportamento; sem falar nos custos indiretos (tributos, logística, encargos sociais…) Mas também não é todo mundo que tem a paciência do nosso amigo Ackerman.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Caro Orlando,

    Permita compartilhar minha experiência nisso: meu pai tem um plasma SD da Panasonic, comprado há três anos atrás. Há cerca de seis meses começou a desligar sozinha. O problema foi piorando e, ao comentar com meu sogro, que é técnico em eletrônica, a resposta foi rápida: "É a fonte". Parti para a procura. Nada no Brasil, acabei trazendo uma nova fonte de um vendedor, via eBay, na Nova Zelêndia. Um mês depois botei em prática minhas habilidades adquiridas na adolescência com a revista "Nova Eletrônica" e troquei a placa. Na verdade basta soltar alguns parafusos e conectores. Coisa simples. O defeito, porém, não resolvido...

    Mandei, então, para a autorizada Panasonic. Depois de quase dois meses, disseram que o conserto ficaria em 1600 reais. Preço para não fazer, já que um TV de 40"Full HD, bem mais moderno, custa quase isso. O técnico, afim de levar um troco, me chamou no canto e me informou qual era a placa com defeito. Voltei ao mesmo eBay e voila: o mesmo vendedor neozelandês tinha a placa. Mandei vir.

    Já escolado, troquei a placa confiante que o problema seria resolvido. Nada. Ou seja, gastei 400 reais para não resolver nada. Teimosia, ganância do fabricante e da autorizada.

    Apesar de saber que os plasmas Panasonic são excelentes hoje, não consigo convencer meu pai, um senhor de quase 70 anos, a comprar outro TV da marca. Ele vai partir para um LED da LG de 42", sem deixar de lamentar duas vezes por dia dos 400 reais gastos para nada na Panasonic.

    Em um mundo cada vez mais preocupado com o desperdício, será que esta política de não oferecer nenhuma assistência para produtos com dois, três anos de uso é algo correto? Estavamos acostumados a TVs que duravam dez anos. Meu pai sempre fala isso. Convence-lo que agora elas só duram metade disse, se muito, é difícil.

    Abraços

    Julio Cohen

  • No Brasil há um desrespeito ao consumidor , muitas vezes , até em garantia obrigatória , não encontramos peças de reposição , imaginem depois de um ano , ficamos esperando pela boa vontade dos fabricantes , e das assistências técnicas . Espero que um dia , este comportamento mude , abraço ao amigo Paulo , excelente colocação.

  • Achei uma besteira sem tamanho em dizer que 99,9% dos plasmas vendidos com mais de 5 anos tenham obrigatoriamente apresentado defeito. Parece um tópico sugestivo demais para que as pessoas joguem suas Plasmas no lixo e adquiram LCDs. Conheço Plasmas fabricadas em 2000 que ainda funciona sem nunca apresentado problemas.

  • Seu televisor Samsung, com cinco anos de vida, simplesmente apagou? Sorte dele, tem aparelho Samsung "apagando" com menos de 1 ano. A solução não está em uma chave de fenda, mas sim na paciencia de quem vai passar horas no 0800 sendo enrolado...

  • Meu plasma Samsung, esperou 1 mes após o vencimento da garantia e começou a mostrar listras verticais que volta e meia se alternam , paguei na época R$ 5.400,00, Samsung nunca mais, comprei uma Led série 8000 Philips.

  • Eu tive uma Samsung LCD de 40", a primeira full-HD que lançaram e a "bomba relógio" interna foi ativada um mês depois também. Ela apagou para não ligar mais. Botei os advogados na empresa na parada e resolveram dar mais seis meses de garantia. Nem precisa dizer que ganhei 500 fios de cabelo branco até que isso acontecesse, ao ter que ligar várias vezes para o 0800 e conseguir, quase três meses depois, o conserto do TV.

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Orlando Barrozo

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