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Lição de democracia, pela TV

Quem gosta de TV mas não é fã de Olimpíada ganhou esta semana uma excelente opção: assistir à transmissão, ao vivo, do julgamento do mensalão. Pela primeira vez, um escândalo político está tendo cobertura em tempo real, pela TV Justiça e uma infinidade de sites. Ninguém tem mais desculpa para ser mal informado.

Não que seja motivo de ilusão. A mídia parece estar vendendo a ideia de que os 38 bandidos irão para a cadeia, o que está muito longe da realidade. Se durante sete anos fizeram de tudo para adiar o julgamento (inclusive uma campanha odiosa pelas redes sociais), não será agora que os mensaleiros e seus comparsas irão assistir calados a uma eventual sentença desfavorável. Para isso, aliás, contam com alguns dos melhores advogados do país. Mesmo com a maior parte da opinião pública cobrando punição, os juízes do Supremo precisam seguir determinados rituais. E, em caso de condenação, pode até ser que fiquem abertas portas para recursos.

Seja como for, estamos vendo algo inédito no Brasil: um escândalo de corrupção, talvez o maior de nossa História, sendo julgado pela principal corte do país diante de milhares de cidadãos. Estes, assistindo pela TV ou pela internet, tornam-se assim testemunhas oculares de tudo que for decidido ali. Não basta, porém, ficar na torcida. Se houver condenações, especialmente dos “peixes grandes”, será ótimo para os brasileiros que trabalham, pagam seus impostos e respeitam a lei (presumo que seja a maioria). Se não houver, terá sido, ainda assim, um marco no avanço da democracia brasileira, tão pisoteada e desacreditada.

O mínimo que se pode desejar é que as discussões em plenário e seus desdobramentos sirvam para clarear mais as mentes dos eleitores, de tal forma que não permitam a repetição de crimes como o assalto cometido entre 2002 e 2005, popularmente chamado “mensalão”. Sim, há muitos outros escândalos a investigar e punir. Mas até nisso o espetáculo a que assistimos no STF pode ser simbolicamente educativo: tomara que os brasileiros o utilizem como aula de democracia. E que os outros bandidos tenham o mesmo destino.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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