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Um freio na googlemania

Poucas empresas são tão onipresentes em nossas vidas hoje quanto a Google (ou “o Google”, quando se trata do serviço de busca). Há quem a chame de “big brother”, referindo-se não ao famoso reality-show da TV, mas ao personagem criado por George Orwell em seu livro 1984, escrito há mais de 60 anos – não leu? Dê uma olhada neste link. Pois, se não é, também não está muito longe disso. Nunca é demais lembrar que, no ano de 1984, ao lançar o primeiro computador Macintosh, Steve Jobs patrocinou um anúncio de TV que entrou para a história da publicidade. O filme criticava exatamente a figura do “grande irmão”, representado pela IBM, que para muitas pessoas pretendia dominar o mundo (se você não viu, assista aqui).

A imagem vale também para a Google atual, com a diferença de que hoje esse domínio parece muito mais improvável. Em meu livro Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através da Tecnologia, ao contar a história de Larry Page e Sergey Brin, fundadores da Google, analisei por alto essa questão. Mas o que temos visto nos últimos anos só confirma que o sucesso obtido pela empresa com seu mecanismo de buscas, até hoje não superado, se mostra difícil de repetir com outros produtos. Vejam só.

Reportagem da revista Wired publicada anteontem revela que a Google adiou mais uma vez o lançamento do player multimídia Nexus Q, anunciado como uma síntese de todos os dispositivos criados para reproduzir áudio, vídeo, fotos etc. etc. etc. Também foi jogado para não se sabe quando o lançamento do smartphone Nexus, após os primeiros exemplares serem mal avaliados por especialistas. Além de problemas com a Justiça de vários países devido a acusações de invasão de privacidade, principalmente com a ferramenta StreetView, a Google, informa a agência Reuters, acaba de ser condenada nos EUA por rastrear dados de usuários do navegador Safari, da Apple (a denúncia havia sido feita pelo The Wall Street Journal).

Convenhamos que é muita notícia ruim para quem se dispõe a dominar o planeta. Sim, na semana passada a Google anunciou o início de sua operação de fibra óptica, num projeto-piloto implantado na cidade de Kansas City, que eleva a velocidade da banda larga à inacreditável marca de 1 Gigabit por segundo (aqui, um resumo empolgado do projeto). Sem dúvida, uma boa notícia, mas que ainda precisa passar por provas para ser considerada um sucesso.

O que me intriga é: por que alguém insiste em “dominar o mundo”? IBM, Microsoft, Apple… todas já tentaram, em vão. Ainda bem. Não está na hora da Google também cair na real?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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