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Segundo teste de um TV 4K

Gostaria de estar aqui comentando o teste que já deveríamos ter feito com o TV Sony 4K de 84 polegadas (mod. XBR-84X900), lançado oficialmente no Brasil em dezembro último, dias após o lançamento do modelo LG 84LM9600. Sobre este, que tivemos oportunidade de avaliar na época em nossa sala de testes, já comentamos bastante – o teste completo está aqui. Já o aparelho da Sony, infelizmente, não nos chegou até hoje.

Curiosamente, o site americano CNet – para mim, o mais competente da atualidade, no segmento de tecnologia – publica nesta quinta-feira seu teste do TV Sony, com uma série de ressalvas. Rompendo uma longa tradição, a Sony não quis ceder o aparelho para a equipe do site, que teve de se deslocar até a sede da empresa, em Nova York. Lá chegando, já estava tudo pronto, com dois exemplares do XBR, além do modelo LG e de um Sharp de 80″ (mod. LC-80LE632U), sendo que este não é 4K, mas Full-HD; ambos são usados pelos próprios técnicos da Sony para testes comparativos.

Também estranhamente, os dois jornalistas do CNet não tiveram liberdade para avaliar o TV Sony como normalmente fazem: engenheiros da empresa permaneceram o tempo todo na sala. Nem puderam verificar que tipo de ajustes haviam sido feitos nos demais aparelhos, de modo que, sem nenhuma surpresa, constataram que na maioria dos casos a imagem no TV Sony foi superior. “Pelo menos, o almoço que serviram estava bom”, escreveu David Katzmaier, responsável pelos testes publicados no site, ironizando o fato de que a Sony simplesmente os proibiu de mencionar medições diferentes das que seus próprios engenheiros haviam feito.

Trata-se de um inédito caso de “censura prévia” na imprensa especializada em tecnologia. Nunca ouvi falar de uma empresa “proibir” a publicação de informações técnicas, embora saibamos (e já tenhamos até experimentado, no passado) das pressões que muitas vezes ocorrem nessas situações – e, nesse ponto, é importante mencionar que não há muita diferença entre Estados Unidos e Brasil. Seja como for, essas foram as condições impostas pela Sony para deixar que os dois especialistas examinassem seu produto (a íntegra do que eles viram pode ser conferida neste link).

Nos EUA, o TV Sony foi lançado a US$ 25.000, enquanto o da LG sai um pouco mais barato (ou menos caro): US$ 20.000. No Brasil, a diferença de preço é bem maior: R$ 100.000 do Sony contra R$ 45.000 do LG. Enquanto não temos nós a oportunidade de uma avaliação, como fizemos com o modelo da LG, segue aqui um resumo do que o pessoal do CNet relatou neste “teste censurado”, como eles mesmos definem:

*4K vs Full-HD – Pouca diferença visível. Os benefícios do 4K variaram entre “extremamente sutis” e “não existentes”. Importante: a Sony não permitiu que os TVs fossem examinados a uma distância maior do que 2m40 (8 pés), que, convenhamos, não é o ideal para se ver uma tela de 84″. Além disso, todos os conteúdos 4K utilizados foram fornecidos pela empresa.

*Upconversion – Comparando uma imagem 1080p no TV 4K com a mesma imagem no modelo Full-HD da Sharp, o primeiro apresentou ligeira superioridade. Já usando um sinal 4K e o mesmo sinal convertido para 2K, usando dois TVs iguais (Sony), não foi possível notar grandes diferenças, a não ser chegando muito perto. Os jornalistas não foram autorizados a fazer a mesma comparação usando o modelo da LG.

*Nível de preto – Usando uma sequência de Harry Potter e as Relíquias da Morte (cap. 12, 54min.), o TV Sony apresentou performance bem superior à dos outros dois.

*Backlight – Tanto o modelo da Sony quanto o LG utilizam painel edge-lit, e os técnicos da Sony informaram que a empresa faz questão de ajustar cada um de seus aparelhos que saem de fábrica nesse quesito. No entanto, ainda assim foram observados vazamentos de luz no canto esquerdo da tela.

*Imagem em 3D – Os dois aparelhos concorrentes são idênticos. Ambos utilizam a tecnologia passiva para geração dos efeitos tridimensionais, com óculos extremamente leves e confortáveis. Mas o TV Sony apresentou a melhor qualidade de imagem.

*Áudio – Uma das justificativas da Sony para seu preço ser mais alto é que o TV 4K vem com dois conjuntos de alto-falantes laterais acoplados ao gabinete, incluindo subwoofers dos dois lados. A potência especificada é de 50W; evidentemente, nesse aspecto seu desempenho foi bem superior ao dos concorrentes.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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