Como esse desfecho não interessa a ninguém, foi elaborado um business plan para três anos, divulgado nesta terça-feira em Tóquio. Depois de emprestarem ao grupo um total de US$ 3,6 bilhões em setembro passado, um consórcio de bancos japoneses concordou em fornecer mais US$ 1,5 bilhão. Ao mesmo tempo, a Samsung – candidata potencial a assumir o controle da divisão de displays da Sharp, a maior do mundo – entrou com os prometidos US$ 100 milhões em troca de 3% das ações. Também foi consultada a Apple, maior cliente (compra displays para iPads e iPhones), que se comprometeu a não interromper as encomendas.
Mais importante que tudo, o acordo incluiu também a troca no comando do grupo: sai Takashi Okuda, que durou poucos meses no cargo, e entra Kozo Takahashi, apresentado oficialmente ontem. “O caminho para a Sharp é buscar alianças para gerar novas oportunidades”, disse ele, confirmando, entre outras coisas, a venda de fábricas e prédios em vários países e a renovação dos acordos com Apple e Samsung, para venda de displays (sim, embora também seja fabricante, a empresa coreana não dá conta de toda a sua demanda e, por isso, precisa comprar parte dos componentes que utiliza).
As reações foram otimistas, embora cuidadosas. A marca Sharp ainda é respeitadíssima em mercados importantes, como América do Norte e Europa (além do próprio Japão), e sua queda traria desemprego e enormes prejuízos pelo mundo afora. No Brasil, o grupo está se reestruturando, com as já conhecidas dificuldades que o governo impõe a toda empresa estrangeira (e também a muitas brasileiras). Além de tudo, a Sharp detém tecnologia de altíssima qualidade. Segundo a agência Reuters, mr. Takahashi fez questão de mencionar esse fato em seu discurso de posse: “A parceria com a Samsung tem sido fundamental para nós”, disse ele. “A Samsung tem OLED e nós temos IGZO, portanto é natural que nossa cooperação continue.”
Assim seja!
Só para lembrar: IGZO é uma patente da Sharp para displays ultrafinos, já mostrados em feiras internacionais (veja aqui), mas ainda em desenvolvimento. Se ficar provado que sua produção é menos problemática que a dos displays OLED, pode perfeitamente vir a ser dominante daqui a alguns anos.
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