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Netflix, a caminho da TV por assinatura

Tempos atrás, comentamos aqui sobre a preocupação de algumas operadoras de TV por assinatura com o crescimento da Netflix. Em apenas sete anos, a empresa – que começara em 1997, com o serviço de entrega de DVDs porta a porta – saltou de 5 milhões de assinantes (apenas nos EUA e Canadá) para inacreditáveis 60 milhões, número estimado com a soma de 33,5 milhões nos EUA com mais 27 a 30 milhões em outros países, inclusive no Brasil; a Netflix divulga números mais altos, mas fora do mercado americano não há como auditar esses dados.

ATUALIZANDO: nesta quarta-feira (23), dois dias depois de serem divulgados os dados acima, a própria Netflix comunicou ao mercado, nos EUA, que sua base mundial de assinantes é de 40, e não 60, milhões de assinantes.

Seja como for, é uma expansão invejável. O relatório oficial referente ao terceiro trimestre do ano, divulgado nesta segunda-feira pela empresa, confirma o que alguns especialistas já previam: a Netflix ultrapassou a HBO como a maior empresa do setor, em número de assinantes (faturamento é outra história). A maior rede de TV a cabo americana estabilizou nos 29 milhões desde o ano passado. Estão por ser divulgados os dados oficiais do mercado como um todo, mas segundo o site The Verge a Netflix já conseguiu o mais importante: ser temida pelas concorrentes.

A trajetória dessa empresa, fundada por Reed Hastings, empreendedor do Vale do Silício (vale a pena ler sua entrevista aqui), é daquelas que dariam um filme. Hastings teve a ideia quando foi devolver o filme que havia retirado na locadora próxima a sua casa (Apollo 13, com Tom Hanks) e constatou que, devido ao atraso na devolução, teria que pagar uma multa de 40 dólares! Furioso, convidou um amigo investidor para juntar-se a ele e montou o primeiro serviço de “video delivery” do mundo. Três anos depois, ofereceu a empresa à Blockbuster por US$ 50 milhões, mas esta recusou – hoje, a Netflix é avaliada em cerca de US$ 30 bilhões; Hastings rejeitou uma oferta de US$ 20 bi, feita no ano passado pela Google.

Há quem diga no mercado que o negócio da Netflix não se sustenta a longo prazo, porque depende intrinsecamente do fornecimento de conteúdo por parte dos estúdios e das redes de televisão. Estes teriam receio de convidar o “tigre” para a festa (uma velha piada em Hollywood é a de que a última refeição é sempre do tigre…). Mostrando sua ousadia, Hastings começou em 2011 a competir diretamente com estúdios e emissoras, ao lançar conteúdos próprios, dos quais as séries House of Cards e Arrested Development (foto) foram os mais bem-sucedidos até agora.

Agora, as notícias são de que ele busca acordos com as operadoras de cabo para que estas também ofereçam o serviço de streaming criado e aperfeiçoado pela Netflix. Seria, então, a união do tigre com os leões. Resta saber quem terá mais fome (e dentes mais afiados).

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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