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O começo do fim de uma era

Sei que parece heresia num país como o Brasil, onde milhões de famílias ainda nem têm eletricidade em casa, mas a notícia é histórica: no próximo dia 31, encerra-se (oficialmente, pelo menos) a era da lâmpada elétrica, digo, aquela incandescente inventada por Thomas Edison em 1879. Por uma decisão tomada em 2007 pelo National Lighting Bureau (NLB), órgão regulador do governo americano, a partir de janeiro nenhuma empresa poderá mais fabricar ou importar esse tipo de lâmpada no país. Desde 2012, as de 100W já são proibidas; agora, todas serão.

Segundo o site CE Pro, existem atualmente nos EUA nada menos do que 8,2 bilhões de lâmpadas em uso – 5,8 bilhões em residências. Metade delas consome, em média, 64W. Se forem usadas 2h30 por dia, a simples troca por lâmpadas fluorescentes representará uma economia de 48 milhões de kilowatts/hora por dia, que vem a ser o equivalente a 500 usinas hidrelétricas! Só por esse dado já se vê que a medida é mais do que bem-vinda e necessária. Vale lembrar que, nos EUA, ao contrário do Brasil, por exemplo, a maior parte da energia vem de usinas termoelétricas, movidas a carvão, com altíssimo custo ambiental. “Será como deixar de colocar no ar 1 bilhão de toneladas de CO2”, compara Howard Lewis, um dos diretores do NLB.

Some-se a isso o fato de que as lâmpadas incandescentes utilizam mercúrio, outra substância tóxica que a indústria eletrônica há anos vem tentando eliminar de seus produtos. E este outro dado: os americanos irão economizar cerca de US$ 20 bilhões por ano em suas contas de luz a partir de 2014, simplesmente pela troca de lâmpadas. Calcula-se que até o final da década chegará a vez das próprias fluorescentes, que ainda consomem mais que os leds, deixarem de ser fabricadas.

Triste é pensar que, no Brasil, não há sequer um estudo governamental sobre a substituição das lâmpadas de Edison, que continuam sendo usadas à vontade – e descartadas na natureza, sem qualquer controle.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Olá Orlando, desculpe, fiquei confusa, não seriam a maioria das lâmpadas incandescentes com filamentos de tungstênio e as fluorescentes de mercúrio? Obrigada.

    • Olá, Patricia. Sim, você tem razão. O mercúrio é mais usado nas lâmpadas fluorescentes. É usado também, em pequena escala, em alguns tipos de lâmpadas incandescentes, assim como nas de neón e em alguns tipos de interruptores e dimmers. Abs. Orlando

  • No Brasil não existem estudos sobre como reduzir a violência,melhorar a educação e a saúde que estão em nível desesperador...

    Acha que vão fazer estudos sobre substituição de lâmpadas incandescentes?

    Se bem que fizeram estudos profundos e implantaram a obrigatoriedade de trocas das tomadas...

    Quando tem grana envolvida,a coisa flui rápido por aqui.

    Agora que você levantou a lebre...rs

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Orlando Barrozo

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