A notícia de que algumas redes de TV aberta estão negociando com o Netflix já era esperada pelo mercado. Faz parte de uma disputa maior, em torno da obrigatoriedade de os canais pagos transmitirem os sinais das emissoras, como manda a legislação atual. As operadoras pressionam o governo para poderem escolher quais canais oferecer aos assinantes, mas essa é uma batalha difícil de ganhar. Na semana passada, a Anatel mais uma vez negou pedido encabeçado pela Sky (e encampado pela ABTA – Associação Brasileira de TV por Assinatura), encerrando – pelo menos temporariamente – as discussões.
Para quem não está familiarizado com esse jogo político: em setembro passado, três das principais redes (Record, SBT e Rede TV) criaram uma empresa chamada Simba, com o objetivo de negociar a distribuição de seus programas fora da rede aberta. A justificativa era que as operadoras de cabo e satélite deveriam pagar para exibir o sinal dessas emissoras. Net/Claro, Vivo, Sky e Oi naturalmente não aceitam, o que cria um impasse: o que aconteceria se, digamos, a Net deixasse de veicular o SBT? Perderia assinantes por causa disso?
Na semana passada, o colunista Ricardo Feltrin divulgou em seu blog que a Simba começou a negociar com a Netflix e pretende fazê-lo também com a Amazon, numa ameaça velada às operadoras. Descontando o fato de que dificilmente os assinantes da Netflix teriam interesse nos conteúdos daqueles três canais, fica claro o jogo de pressões.
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